Transparência critica gasto de R$ 345 mil do governo Lula para trazer ex-primeira-dama do Peru
Condenada por corrupção, Nadine Heredia obteve asilo diplomático do governo Lula e veio para o Brasil em um avião da Força Aérea Brasileira
A Transparência Internacional afirmou que a Força Aérea Brasileira (FAB) se prestou ao papel de "piloto de fuga" ao trazer para o Brasil a ex-primeira-dama peruana Nadine Heredia, em abril deste ano, após ela ser condenada a 15 anos de prisão por corrupção. O posicionamento aconteceu após o deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS) obter um requerimento de informação, na última sexta-feira, que mostrou que o governo brasileiro gastou R$ 345 mil com a operação de asilo diplomático, definida pela organização como "um dos episódios mais infames da história latino-americana".
À época, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu conceder o asilo a Heredia por "razões humanitárias". Ela e o marido, o ex-presidente peruano Ollanta Humala, foram condenados por lavagem de dinheiro em um caso relacionado ao recebimento de caixa 2 do regime venezuelano e da empreiteira Odebrecht (hoje Novonor) nas eleições presidenciais do país vizinho de 2006 e 2011.
"FAB se prestando ao papel de piloto de fuga da primeira-dama peruana condenada por corrupção, a mando do próprio chanceler Mauro Vieira e do presidente Lula, será lembrado como um dos episódios mais infames da história latino-americana. Desonra que o povo brasileiro não merecia", publicou a Transparência Internacional nas redes sociais.
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De acordo com a FAB, a viagem custou cerca de R$ 318 mil em questões logísticas, R$ 7,5 mil em diárias para os tripulantes e R$ 19 mil em taxas aeroportuárias de handling. A instituição também informou que não houve estimativa prévia para os valores desembolsados, e que a solicitação partiu do Ministério das Relações Exteriores.
"Surreal o apoio de Lula a criminosos internacionais com o nosso dinheiro", escreveu Van Hattem nas redes sociais
Relembre o caso
O Ministério Público acusou o ex-presidente Ollanta Humala de lavagem de ativos por ocultar o recebimento de US$ 3 milhões da Odebrecht para a campanha de 2011, que o levou à Presidência. Heredia também foi acusada como cofundadora da legenda Partido Nacionalista.
O casal chegou a ser preso preventivamente em 2018, durante as investigações do caso, por nove meses, mas conseguiu que o Tribunal Constitucional peruano lhes concedesse um habeas corpus para responder em liberdade.
Após a vinda de Heredia ao Brasil, o Ministério de Relações Exteriores do Peru afirmou, em nota, que a Embaixada brasileira no país "comunicou que, em aplicação à Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954 decidiu outorgar o asilo diplomático à senhora Nadine Heredia Alarcón e a seu filho menor de idade Samir Mallko Ollanta Humala Heredia".
O governo peruano, ao receber a nota do governo brasileiro notificando o fato de que ela estava na embaixada e havia solicitado o asilo diplomático, na mesma hora respondeu com o salvo-conduto. Houve concordância e total aceitação afirmou o ministro Mauro Vieira, em abril, em entrevista à GloboNews, também ressaltando que Heredia foi "recentemente operada, por um questão grave, de coluna vertebral".

