Sáb, 06 de Dezembro

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Conflito

Trump alerta que os EUA 'derrubarão' aviões venezuelanos que representem ameaça

Caças F-16 venezuelanos sobrevoaram brevemente um navio americano que realizava vigilância antidrogas no Caribe, o que provocou um alerta do Pentágono

Parlamento da Venezuela respalda Maduro e denuncia nova 'agressão' dos EUAParlamento da Venezuela respalda Maduro e denuncia nova 'agressão' dos EUA - Foto: Jim Watson e Frederico Parra / AFP

Os aviões venezuelanos que representem um perigo para as forças no Caribe correm o risco de ser "derrubados", declarou nesta sexta-feira (5) o presidente Donald Trump, depois que caças enviados por Caracas sobrevoaram um navio americano na região.

Os Estados Unidos decidiram enviar 10 caças F-35 a Porto Rico nesse contexto de tensão com a Venezuela, que por sua vez apelou ao diálogo e afirmou que nenhuma diferença entre ambos justifica um conflito armado.

A mobilização dos caças, comunicado nesta sexta-feira à AFP por fontes próximas ao assunto, ocorreu apenas horas depois desse sobrevoo, um "movimento altamente provocador", segundo o Pentágono.

"Se nos colocarem em uma situação perigosa, serão derrubados", declarou Trump pouco depois de rebatizar, por meio de um decreto, a pasta de Defesa como Departamento de Guerra.

"Se voarem em uma posição perigosa, vocês podem tomar as decisões que considerarem adequadas", acrescentou Trump dirigindo-se a seu agora secretário de Guerra, Pete Hegseth.


Não se justifica conflito

Washington acusa o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar uma rede de narcotráfico e elevou recentemente para 50 milhões de dólares a recompensa por sua captura.

Quando perguntado no Salão Oval se deseja uma mudança de regime em Caracas, Trump desviou da questão: "Não queremos drogas que matam o nosso povo".

As forças mobilizadas destacadas diante das costas venezuelanas lançaram um míssil na terça-feira contra uma embarcação que supostamente transportava drogas.

No ataque, sem precedentes na região, morreram 11 "narcoterroristas", nas palavras de Trump.

"Com todo respeito digo ao senhor presidente Trump: aqui a Venezuela se respeita e a Venezuela respeita para que a respeitem", disse Maduro em um ato com militares. "Esses relatórios de inteligência que lhe passam não são verdadeiros. A Venezuela hoje é um país livre da produção de folhas de coca, de cocaína, e é um país que combate o narcotráfico".

"Nenhuma das diferenças que temos e tivemos pode levar a um conflito militar", prosseguiu. "A Venezuela sempre esteve disposta a conversar, a dialogar".

Embora os relatórios anuais da ONU não classifiquem a Venezuela como país produtor, sua condição de plataforma de distribuição do narcotráfico é destacada por especialistas.


Giro de Rubio

Os Estados Unidos recorreram durante décadas a operações policiais de rotina em vez de usar força letal para apreender drogas no Caribe.

Trump disse que "o tráfego de lanchas nessa área diminuiu substancialmente" desde o ataque.

O aumento da tensão coincidiu com uma viagem do secretário de Estado americano, Marco Rubio, pelo México e Equador, onde firmou novas alianças para reforçar a luta contra o crime organizado e a migração ilegal, e advertiu que seu governo não recuará.

Os governos aliados de Washington na região "nos ajudarão a encontrar essas pessoas e a fazê-las explodir, se necessário", disse Rubio em uma coletiva de imprensa conjunta com a chanceler equatoriana Gabriela Sommerfeld na quinta-feira, em Quito.

No México, Rubio havia afirmado que a única coisa que vai deter os cartéis do narcotráfico é a eliminação física, porque eles já consideram que perder mercadoria faz parte do negócio e isso não os impede de continuar traficando.

Rubio enfatizou que o presidente americano designou como "narcoterrorista" a quadrilha venezuelana Tren de Aragua, assim como o Cartel de los Soles, uma suposta organização de drogas que ele vincula a Maduro.


Mobilização

O mandatário venezuelano, por sua vez, mobilizou o Exército, que conta com cerca de 340 mil efetivos, e reservistas, que ele afirma ultrapassarem os oito milhões, denunciando o que chama de "a maior ameaça que o nosso continente viu nos últimos 100 anos".

Também abriu o registro na Milícia Bolivariana, um corpo das Forças Armadas formado por civis e com forte carga ideológica.

Uma colorida e barulhenta caravana de civis desarmados, em motocicletas, percorreu as rodovias de Caracas como parte da mobilização "do povo em armas".

Outras manifestações se repetiram em diferentes cidades.

Ao classificar os grupos de narcotráfico como ameaças terroristas, os Estados Unidos recorrem a todo o seu arsenal legislativo aprovado depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, que ampliou enormemente sua capacidade de vigiar possíveis alvos e atacá-los letalmente em todo o mundo.

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