Última noite do Baile do Menino Deus encerra temporada natalina de 2025, no Marco Zero
No dia 27 de dezembro, o espetáculo pernambucano sobre o nascimento do menino Jesus será exibido como um especial no Globoplay
A última noite do “Baile do Menino Deus: Uma Brincadeira de Natal”, como é tradição, reuniu milhares de famílias no Marco Zero, no Bairro do Recife, na noite desta quinta-feira (25), para prestigiar a poesia pernambucana musicada que narra o nascimento do menino Jesus.
Sempre gratuito, o Baile do Menino Deus nasceu como um contraponto tropical às celebrações natalinas marcadas por referências estrangeiras, valorizando expressões culturais brasileiras originadas da confluência dos povos indígena, negro e ibérico.
Em sua 22ª edição, o auto de Natal, criado há mais de 40 anos por Assis Lima, Ronaldo Correia de Brito e Zoca Madureira, apresentou diversas novidades.
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Novidades
Entre elas, coreografias inspiradas na dança de rua, com a participação do bailarino Dimas Poppine, a participação do sanfoneiro Flávio Leandro, que se junta à orquestra, para repaginar as cenas e composições clássicas, e uma nova formação do quarteto dos Mateus, com a chegada de Djaelton Quirino, fundador da Companhia de Retalhos
“A temporada está sendo maravilhosa, o público, sempre, fidelíssimo, amoroso, dedicadíssimo, é quem ama e dá vida a esse espetáculo. E nós fazemos sempre estudos para que o público se reconheça nesse espetáculo, tão brasileiro, tão pernambucano, tão recifense”, comentou Ronaldo Correia, criador e diretor do espetáculo.
Patrimônio imaterial do Recife desde o ano passado, com o título de um dos maiores espetáculos natalinos do país, a composição musical acompanha a trajetória dos Mateus, personagens populares que percorrem caminhos em busca da casa onde nasceu o menino sagrado, com o objetivo de realizar uma festa em celebração à renovação da vida.
Multidão lota o Marco Zero para ver o último dia do Baile do Menino Deus // Imagem: Paullo Allmeida/Folha de PernambucoTradição cultural
Ao longo da encenação, a jornada dos personagens é atravessada manifestações culturais brasileiras, tradições, criaturas fantásticas do imaginário popular e permeado pela dificuldade de abrir portas - uma referência à exclusão social, inacessibilidade e segregações atemporais.
“É muito difícil você ver no Brasil hoje um espetáculo que tenha essa amplitude, essa pluralidade de expressões religiosas e artísticas, que além de ser teatro é uma dramaturgia. Tem atores, dança e principalmente música. Então, o baile constitui, colabora, com essa busca constante da identidade brasileira, da identidade pernambucana e nordestina”, destacou o músico, cantor e compositor Silvério Pessoa, que está no espetáculo há 22 anos.
A obra aborda, ainda, reflexões contemporâneas sobre inclusão, diversidade, meio ambiente e cidadania.
“O espetáculo tem uma importância ímpar, não só aqui no Recife mas no mundo. É um Natal que a gente comemora de forma original, sem precisar estar importando nada. Estamos comemorando com o material cultural e o repertório musical que nós temos, nesse auto natalino que engloba, ou tenta englobar, tudo que a gente produz de cultura musicalmente falando”, avaliou o diretor musical e arranjador do espetáculo, Rafael Marques.
Especial
O espetáculo, que além de ser patrimônio cultural imaterial do Recife desde 2024, paradidático do MEC, livro com mais de 700 mil exemplares e inspiração para dois filmes, ganhará um especial no Globoplay.
No dia 27 de dezembro, o repertório clássico concebido por Zoca Madureira para a montagem será exibido nacionalmente através da plataforma.

