Unesco alerta para risco de catástrofe geracional na educação do Afeganistão

A Unesco alertou, nesta sexta-feira (10), para o risco de uma "catástrofe geracional" que pesa sobre a educação no Afeganistão com a volta dos talibãs ao poder e pediu a preservação do "direito à educação", "em particular das meninas". 

"O que está em jogo no Afeganistão é a absoluta necessidade de preservar as conquistas alcançadas em matéria de educação, sobretudo, para meninas e mulheres", disse a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Audrey Azoulay, em um comunicado. 

Em relatório divulgado nesta sexta, esta agência da ONU observa que "se prevê o aumento do número de deslocados internos, o que aumenta o risco de perdas de aprendizagem entre as crianças". 

A organização internacional alerta para "a catástrofe geracional que afetará, negativamente, o desenvolvimento sustentável do país nos próximos anos". 

Desde seu retorno ao poder, em 15 de agosto, o movimento fundamentalista talibã proibiu as aulas mistas em universidades particulares e obrigou as estudantes universitárias a usarem uma abaya preta e um niqab, de modo a cobrir seu rosto. E devem ter, prioritariamente, professoras, e não professores.

Durante seu primeiro regime, entre 1996 e 2001, a proibição de turmas mistas impediu quase todas as mulheres de estudar. 

Segundo o relatório da Unesco, o número de mulheres no ensino superior aumentou de cerca de 5.000, em 2001, quando uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos derrubou o Talibã, para cerca de 90.000, em 2018. 

Em relação ao número de meninas no ensino básico, "passou de quase zero, em 2001, para 2,5 milhões em 2018" e, completa o comunicado, "em 2021, quatro em cada 10 alunos do ensino fundamental são meninas".

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