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IGREJA CATÓLICA

Vaticano explica simbologia do brasão do Papa Leão XIV; saiba detalhes

Imagem que será usada no pontificado remete à Ordem de Santo Agostinho,

Papa Leão XIV e brasãoPapa Leão XIV e brasão - Foto: Vatican Media/handout/AFP

A Santa Sé divulgou nesta quarta-feira detalhes da simbologia do brasão adotado pelo Papa Leão XIV. Na descrição heráldica, arte que estuda e define os elementos dessa linguagem visual simbólica, o Vaticano destacou a presença de um lírio de prata, com um fundo azul, e um coração ardente trespassado por uma flecha, em cima de um livro, tudo em vermelho.

A parte em azul remete "às alturas do céu" e destaca um símbolo clássico em referência à Virgem Maria, o lírio. A porção em prata, por sua vez, ressalta a Ordem Agostiniana, com a representação simbólica das palavras de Santo Agostinho no livro das Confissões: "Fizeste-nos para ti, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousa em ti".

Papa Leão XIV e brasão - Foto: Vatican Media/Handout/AFPPapa Leão XIV e brasão - Foto: Vatican Media/Handout/AFP

Acima do escudo, há uma mitra de prata, uma insígnia religiosa semelhante ao chapéu cônico usado por bispos, arcebispos, cardeais e pelo Papa em cerimônias. A peça é ornamentada com três faixas de ouro unidas por uma haste, em amarelo, com as ínfulas (tiras de tecido) forradas em vermelho e bordadas em ouro. Estas últimas aparecem entrelaçadas a duas chaves pontifícias cruzadas — uma de ouro, outra de prata, unidas por um cordão vermelho.

Abaixo do escudo, um lema: "In illo uno unum". A frase retoma as palavras de Santo Agostinho na procura da unidade — "Nos convertemos a um só Senhor, e assim permanecemos unidos" — e também se inspira no Salmo 127, que, segundo a Santa Sé, expressa "o objetivo de seu ministério": tornar visível, no único Cristo, uma só família de irmãos.

O Vaticano já havia dado pistas sobre o significado dos elementos do brasão em comunicado anterior. A Santa Sé afirmou que o símbolo “oferece um reflexo claro de suas raízes agostinianas e dos valores que procura promover durante seu pontificado, particularmente a unidade e a comunhão no seio da Igreja”.

O próprio Robert Francis Prevost chegou a explicar a escolha, em entrevista concedida em julho de 2023, quando se tornou cardeal:

— Como se depreende do meu lema episcopal, a unidade e a comunhão fazem parte justamente do carisma da Ordem de Santo Agostinho e também do meu modo de agir e pensar — disse, à época. — Portanto, como agostiniano, para mim, promover a unidade e a comunhão é fundamental.

Dois dias depois de ser eleito no conclave, o Papa Leão XIV disse que escolheu seu nome para mostrar compromisso com a doutrina social da Igreja. Ele se inspirou em Leão XIII, Pontífice que defendeu os trabalhadores na era da Revolução Industrial. O novo chefe da Igreja Católica também exaltou o legado de Francisco e fez uma visita surpresa ao túmulo do antecessor em Roma.

— Na verdade, são várias as razões — disse o Papa sobre a escolha. — Mas a principal é porque o Papa Leão XIII, com a histórica encíclica Rerum novarum, abordou a questão social no contexto da primeira grande Revolução Industrial. E, hoje, a Igreja oferece a todos a riqueza de sua doutrina social para responder a outra revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial, que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho.

O pontificado de Leão XIII se estendeu de 1878 a 1903. Sua encíclica mais famosa defendia direitos básicos para os operários, como salário digno e boas condições de trabalho. O texto também criticava o socialismo por “violar os direitos legítimos dos proprietários, viciar as funções do Estado e tender para a subversão completa do edifício social”.

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