Alerj abre sessão com deputado Guilherme Delaroli na presidência e não mencionam prisão de Bacellar
Grupo aliado se divide entre votar projetos do Executivo em regime de urgência ou esvaziar plenário como gesto político ao presidente afastado da Alerj.
A sessão na Alerj começou com atraso, por volta das 15h15, mas sem qualquer manifestação pública de apoio a Rodrigo Bacellar, preso pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira. Coube ao presidente em exercício, Guilherme Delaroli, abrir os trabalhos: ele leu a pauta e iniciou a votação imediatamente, sem fazer discursos ou citar o colega preso. A postura foi seguida pelos demais parlamentares, que evitaram tocar no assunto.
Apesar da tensão evidente, o clima no plenário era marcado por sussurros e conversas ao pé do ouvido. A sessão começou com quórum alto e a maior parte dos deputados presente. Entre os que acompanharam a sessão estava o presidente da Procuradoria-Geral do Estado, Renan Saad, cumprimentado por diversos parlamentares ao chegar ao plenário.
Durante a votação, o deputado Rodrigo Amorim fez um discurso exaltando a relação institucional entre a Alerj e a Procuradoria-Geral do Estado. Sem mencionar a prisão de Bacellar, ele concentrou sua fala em acenar ao presidente da PGE, evitando qualquer referência à crise política.
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— Gostaria de ressaltar o quanto se tornou saudável a relação com a PGE. Temos muitos temas nesta Casa que são pertinentes à atribuição da Procuradoria. Nosso procurador-geral está aqui. Um exemplo disso é a resolução de várias matérias relacionadas a concurso público e aos servidores. Registro aqui uma integração absoluta com a PGE e reconheço o grande trabalho feito pelos procuradores e servidores. Reconheço também a liderança do doutor Renan e a forma institucional como ele estabeleceu essa relação com esta Casa. É um caso de registro e saudação institucional. Tenho certeza de que essa pauta será aprovada na Secretaria Legislativa, demonstrando a determinação institucional da Procuradoria-Geral do Estado — disse Amorim.
Antes de seu começo, ocorreu um debate sobre se a sessão deveria ser mantida ou não. De um lado, deputados que pressionavam a manutenção, porque na pauta desta quarta-feira, estão dois projetos do Executivo considerados estratégicos pelo governo estadual, ambos em regime de urgência e em discussão única.
O primeiro é o Projeto de Lei Complementar nº 44/2025, que altera a Lei Orgânica da Procuradoria-Geral do Estado. O segundo é o Projeto de Lei nº 6660/2025, que modifica o plano de cargos das carreiras da PGE. Ambos ainda pendem de pareceres de comissões, entre elas Constituição e Justiça, Servidores Públicos e Orçamento.
Do outro lado, parte dos deputados avalia se não teria sido mais adequado abandonar simbolicamente a sessão como gesto de solidariedade ao colega preso, uma sinalização política interna de que a base segue coesa apesar da turbulência. Esse movimento, segundo fontes na Alerj, é liderado pelo deputado Rodrigo Amorim, que tem assumido a linha de frente das conversas desde o início da manhã.
Enquanto isso, Guilherme Delaroli, que assume interinamente a presidência da Casa, busca informações oficiais. Ele deve se reunir ainda hoje com a Procuradoria da Alerj para entender os trâmites formais da decisão judicial, o impacto sobre o funcionamento do Legislativo e quais serão os próximos passos após a operação da Polícia Federal.
Nos corredores, a sensação é de que as próximas horas serão decisivas — tanto para o futuro imediato da Alerj quanto para a forma como a base aliada responderá ao maior desafio político enfrentado pelo grupo desde o início da atual legislatura.

