Aliado oferecia emenda de deputado e pedia retorno de 15%, diz ex-prefeita
Júnior Mano nega irregularidades em repasses de recursos
Um aliado do deputado federal Júnior Mano (PSB-CE), alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na terça-feira, é suspeito de cobrar uma taxa de 15% por emendas parlamentares indicadas pelo parlamentar para municípios. O relato foi feito à PF pela ex-prefeita de Canindé (CE) Rozário Ximenes.
Ao Globo, Ximenes confirmou a denúncia. De acordo com ela, as emendas eram oferecidas por Carlos Alberto Queiroz, conhecido como Bebeto do Choró, que foi eleito no ano passado prefeito da cidade de Choró, mas não assumiu o cargo.
— As emendas do Júnior Mano que o Bebeto oferecia, ele pedia retorno de 15%. Eu cheguei a receber emenda da saúde e a confusão começou aí, porque eu disse que não tinha condição de dar retorno.
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A ex-prefeita também afirmou que havia um esquema de fraudes em licitações:
— Eles formaram um grupo de laranjas muito grande. Eu não conseguia tirar eles da prefeitura. Eles colocavam menor preço (nos pregões) e eu era obrigada a contratar por lei. Mas era tudo laranja do Bebeto e do Júnior Mano. Eles pegavam esses empresários e foram para dentro da campanha do Jardel (atual prefeito), porque eu disse que não aceitava mais fazer isso em Canindé.
Em representação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que originou a operação de terça-feira, a PF reproduziu o relato de Ximenes.
"O depoimento da ex-prefeita de Canindé, Maria do Rozário, reforça substancialmente a hipótese criminal. A testemunha declara ter sido procurado pelo 'grupo do Junior Mano e Bebeto' com proposta explícita de repasse de emenda parlamentar condicionada à devolução de 15%", diz o documento.
Em nota, Júnior Mano negou qualquer irregularidade e afirmou que no fim da investigação a "sua correção de conduta" será "reconhecida". O comunicado ainda diz que o parlamentar não tem qualquer ingerência em atos administrativos relacionados a prefeituras do Ceará.

