Qua, 17 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
Brasília

Alvo de desconfianças, general deixa Comando Militar do Planalto para assumir subchefia

General Dutra ficará à frente da 5ª subchefia, que atua nas Relações Internacionais do Exército

General Gustavo Henrique Dutra de MenezesGeneral Gustavo Henrique Dutra de Menezes - Foto: reprodução/Exército do Brasil

Leia também

• Atos golpistas de janeiro não abalaram democracia, diz Rosa Weber

• PGR apresenta mais 139 denúncias de envolvidos em atos terroristas

• Bolsonaristas deixam rastro de destruição e saques no Congresso

Alvo das desconfianças do Palácio do Planalto após os atos de 8 de Janeiro, o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, atualmente à frente do Comando Militar do Planalto (CMP), passará a ocupar um cargo de subchefia no Estado-Maior do Exército (EME).

A decisão foi tomada nesta semana durante a reunião do Alto Comando. Com essa movimentação, a Força atende a todos os pedidos de mudanças para dirimir os pontos de atritos com o entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com a decisão, Dutra não será mais chefe do comando sediada em Brasília — onde ocorreram os ataques aos Três Poderes no dia 8 de janeiro. Agora, será subordinado ao general Fernando Soares Santana, militar escolhido no início da semana novo chefe do Estado-Maior do Exército.

General de divisão, Dutra de Menezes chegou à chefia do Comando Militar do Planalto em abril de 2022. Inicialmente, a mudança de área estava prevista, mas a saída foi costurada para contornar crise política envolvendo o Palácio do Planalto e a caserna, segundo apurou O GLOBO. Integrantes da Força, porém, minimizam o fato e dizem se tratar de uma mudança comum e esperada.

No Estado-Maior do Exército, Dutra ficará à frente da 5ª subchefia, que tem entre as funções propor políticas, diretrizes, planos e orientações gerais para as Relações Internacionais do Exército e para Missões de Paz. Ele será substituído no Comando Militar do Planalto pelo general de divisão Ricardo Piai Carmona.

A troca no Comando Militar do Planalto era esperada pelo Palácio do Planalto, cujos integrantes acreditam ter havido uma leniência do general com os golpistas que ficaram acampados na frente do Quartel-General. Ao militar, também é atribuída a decisão de não retirar os vândalos que retornaram ao local após a invasão do Congresso, Planalto e Supremo Tribunal Federal. Na ocasião, o general alegou que uma ação noturna para prender as pessoas poderia terminar em violência. Ele citou que havia mulheres, crianças e idosos entre os manifestantes.

Com a saída Dutra de Menezes no Comando do Militar do Planalto, o comandante do Exército Tomás Miguel Paiva atende aos pedidos do Palácio do Planalto sobre os três militares que causavam desconfiança na Presidência.

O ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, foi barrado no comando do 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais, em Goiânia (GO). A designação para o cargo havia sido feita no ano passado e ele assumiria o posto no mês que vem. Oficialmente, Cid apresentou um requerimento solicitando o adiamento para assumir a função para defender nas ações nas quais é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF).

Outro alvo de desconfiança do Planalto, o tenente-coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora teve antecipada sua saída do comando do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), encarregado de proteger as sedes da Presidência da República. A mudança na cúpula da unidade estava prevista para fevereiro, mas foi adiantada para o fim de janeiro. Fernandes se tornou alvo de pressão do governo após a divulgação de um vídeo em que aparece discutindo com policias militares, enquanto vândalos destruíam o Palácio do Planalto. A ação está sendo investigada em um Inquérito Policial Militar (IPM).

General Tomás assumiu foi escolhido para comandar o Exército após o general Júlio César Arruda ter sido demitido no último sábado. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, justificou a troca no comando alegando que houve "fratura de confiança" na relação com o Exército. Arruda resistia a fazer as mudanças na Força que eram pedidas pelo Planalto.

Veja também

Newsletter