Sáb, 06 de Dezembro

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PRESSÃO

Governo busca Motta para desarmar articulação por anistia de Bolsonaro

Pressão pela votação do texto voltou a crescer e líderes partidários tentam um acordo para que o tema seja incluído em pauta após o julgamento da trama golpista

Cresce pressão por anistia ao ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e envolvidos na tentativa de golpe de Estado no 8 de janeiroCresce pressão por anistia ao ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e envolvidos na tentativa de golpe de Estado no 8 de janeiro - Foto: Mauro Pimentel / AFP

O governo vai procurar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tentar neutralizar a articulação do projeto de lei que anistia os envolvidos no 8 de Janeiro, com possível favorecimento ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

A pressão pela votação do texto voltou a crescer e líderes partidários tentam um acordo para que o tema seja incluído em pauta após o julgamento da trama golpista, previsto para terminar no próximo dia 12.

O movimento tem sido interpretado por auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como uma ação para rifar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e abraçar a candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos). 

Diante desse cenário, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), deve propor um texto alternativo ao da anistia, que irá diferenciar as penas de acordo com o grau de participação nos atos de 8 de janeiro, como quem financiou e quem apenas estava na Praça dos Três Poderes, mas não cometeu vandalismo. Alcolumbre é contrário à proposta que tramita hoje na Câmara dos Deputados, defendida por bolsonaristas e que prevê beneficiar Bolsonaro.

Na tentativa de barrar a proposta da Câmara, auxiliares de Lula querem tratar do tema com Hugo Motta e líderes. Articuladores políticos do governo afirmam que não irão deixar o assunto correr solto na Casa e apontam que farão o possível para brecar o movimento da oposição. 

Uma ala do governo entende a pauta da anistia fragiliza Hugo Motta, por se misturar a PEC da Blindagem Parlamentar e ao projeto que aumenta número de deputados, ambos textos polêmicos.

O Planalto também argumentará que há uma pauta positiva para ser tocada no Congresso, como isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a PEC da Segurança. Em publicação nas redes sociais na terça-feira, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, não tratou da anistia, mas fez uma menção indireta ao tema. Ela afirmou que quem estiver no governo precisa ter compromisso com a "democracia e o estado de direito".

Julgamento

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Enquanto o Supremo Tribunal Federal inicia o julgamento da trama golpista, cresceu o movimento a favor da votação na anistia na Câmara com a articulação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que é apontado como um nome para representar a oposição na eleição presidencial de 2026.

Diante de uma provável condenação de Bolsonaro e de sua inelegibilidade, integrantes do governo enxergam a intensificação da pressão por pautar o texto um gesto direto do Centrão à candidatura de Tarcísio.

As bancadas do União Brasil, PP e Republicanos pressionaram para que o tema seja pautado e até deputados governistas avaliam agora que o tema ganhou força e pode ser colocado em votação no plenário da Câmara.

Em Brasília, Tarcísio de Freitas conversou na segunda-feira com Hugo Motta e Marcos Pereira, presidente do Republicanos, sobre como acelerar a votação do projeto. Além disso, o governador se comprometeu publicamente a conceder um indulto a Bolsonaro como “primeiro ato”, caso seja eleito presidente da República.

A declaração ocorreu após críticas do deputado federal Eduardo Bolsonaro e do vereador do Rio Carlos Bolsonaro sobre as articulações mais claras por uma chapa de centro-direita contra Lula enquanto Bolsonaro está em prisão domiciliar.

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