Bolsonaro diz que não se alegra com sanções, e condiciona paz a partir da aprovação da anistia
Ex-presidente foi citado pelo líder americano na carta em que ele anunciou as taxas de 50% a produtos brasileiros, na quarta-feira
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, neste domingo (13), que "não se alegra" com tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros determinada pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump.
Em postagem nas redes, o antigo chefe do Executivo brasileiro disse que a anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023 é o caminho barrar o aumento das sanções econômicas impostas pelo governo americano.
"O tempo urge, as sanções entram em vigor no dia 1° de agosto. A solução está nas mãos das autoridades brasileiras. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia também a paz para a economia", escreveu Bolsonaro.
Na quarta-feira, Trump anunciou a taxação em retaliação ao que classificou como "caça às bruxas" contra o ex-presidente, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
- O que falta para o Brasil ser a Terra Prometida do Ocidente:
Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 13, 2025
1- A carta do Presidente @realDonaldTrump tem muito mais, ou quase tudo, a ver com valores e liberdade, do que com economia.
2- Não me alegra ver sanções pessoais, ou familiares, a quem quer que seja. Não me alegra
Em uma carta publicada na sua rede social, Truth Social, Trump afirmou que o julgamento contra o brasileiro "não deveria estar acontecendo".
Segundo o republicano, a taxação que começará a valer a partir de 1° de agosto foi motivada "pelos ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos", citando, além de Bolsonaro, uma suposta "censura" contra Big Techs americanas.
Enquanto o governo petista aposta no discurso de soberania nacional para contornar a crise, bolsonaristas tentam atribuir a culpa pela taxação ao Planalto. Neste domingo, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) disse que o governo vai editar, até terça-feira, o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade, que permite ao Brasil responder à tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. Alckmin ressaltou, entretanto, que o governo ainda trabalha para reverter a tarifa.
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A pauta do 8 de janeiro também foi levantada pelo deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que elogiou a decisão de Trump e pediu uma anistia "ampla, geral e irrestrita" para o ex-presidente e para todos os condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes.
"Apelamos para que as autoridades brasileiras evitem escalar o conflito e adotem uma saída institucional que restaure as liberdades. Cabe ao Congresso liderar esse processo, começando com uma anistia ampla, geral e irrestrita, seguida de uma nova legislação que garanta a liberdade de expressão especialmente online e a responsabilização dos agentes públicos que abusaram do poder", disse o deputado na quarta-feira.
O filho do ex-presidente culpou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, pela decisão de Trump. Moraes é o relator do caso da trama golpista, na qual Jair Bolsonaro é suspeito de liderar uma tentativa de impedir o presidente Lula de tomar posse.
"O presidente Trump, corretamente, entendeu que Alexandre de Moraes só pode agir com o respaldo de um establishment político, empresarial e institucional que compactua com sua escalada autoritária. O presidente americano entendeu que esse establishment também precisa arcar com o custo desta aventura. Por isso, a partir de 1º de agosto, empresas brasileiras que desejarem acessar o maior mercado consumidor do planeta estarão sujeitas ao que se pode chamar de 'Tarifa-Moraes'", disse Eduardo.

