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Política

Bolsonaro foi julgado por um tribunal de exceção, critica Marcelo Queiroga

O ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro foi o entrevistado do podcast "Direto de Brasília", apresentado por Magno Martins

Queiroga (D) criticou a gestão do PT na saúde, a atuação do Judiciário e defendeu uma comparação entre os governosQueiroga (D) criticou a gestão do PT na saúde, a atuação do Judiciário e defendeu uma comparação entre os governos - Foto: Reprodução/Youtube Folha de Pernambuco

O ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (PL-PB), pretende disputar um mandato ao Senado em 2026. Ele é um dos escalados pela tropa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para ampliar a bancada na Casa e poder ter quórum para abrir impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista ao podcast "Direto de Brasília", apresentado por este blogueiro, Queiroga criticou a gestão do PT na saúde, a atuação do Judiciário e defendeu uma comparação entre os governos.

Ministro, como o senhor viu a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro?
Foi uma das maiores injustiças cometidas pelo sistema jurídico brasileiro. O voto do ministro Luiz Fux ilustra bem o que aconteceu ali. Começou com o inquérito em 2019, instaurado sem o aval da Procuradoria-Geral da República (PGR), que é o Estado acusador. Depois veio o ministro Alexandre de Moraes, que tem um passado como jurista respeitado, caiu em uma armadilha e se transformou num xerife ensandecido e ficou perseguindo a direita de uma maneira tresloucada.

É uma prisão política?
Se julga o Bolsonaro em uma turma do STF. Se é presidente da República, teria que ser julgado pelo plenário e, se não tem prerrogativa de função, teria que ser julgado em primeira instância. Como o Lula foi julgado, depois foi julgado na segunda instância e só foi preso depois que o pleno do STF autorizou a prisão. E ele milagrosamente foi descondenado, porque descobriram, depois de muito tempo, que a 13ª Vara não era adequada para julgar o Lula. Então o Bolsonaro é julgado em um tribunal de exceção.

Por quê?
Porque tem ali pelo menos três ministros que são absolutamente parciais. O senhor Flávio Dino, com todo respeito, é o líder do PT no STF; ele comparou o Bolsonaro a Satanás. Qual a isenção dele? Depois, o senhor Cristiano Zanin, que tem até uma postura discreta — justiça se faça —, mas ele era advogado do Lula. E o Alexandre de Moraes, que funcionava como acusador, como vítima e como juiz. Quer dizer, é uma loucura. E a ministra Cármen Lúcia, que tinha uma trajetória respeitável, foi cooptada por esse grupo do tribunal de exceção somente com o objetivo de condenar Jair Bolsonaro de maneira injusta. Isso tem um preço a pagar, que é o Judiciário brasileiro entrar para o lixo da história. É uma vergonha.

Como o senhor viu essas notícias de que a esposa do ministro Alexandre de Moraes teria ligação com o Banco Master?
Bom, se for verdade, é algo muito sério. Faço o registro de que, quando o ministro Alexandre de Moraes foi indicado pelo presidente Michel Temer, a esquerda o combateu de maneira ferrenha. Inclusive o acusava de envolvimento com facções criminosas. Tudo próprio do PT, que é muito leviano. Acho que o ministro tem conhecimento jurídico, mas caiu numa armadilha e virou agora essa espécie de xerife, o que não é condizente com o que ele fez no passado.

O senhor é pré-candidato ao Senado pela Paraíba. Dizem que os bolsonaristas querem eleger um grande número de senadores para pedir impeachment de ministros do STF. Procede?
Sendo eleito senador pela Paraíba, minha missão não é votar por impeachment de ninguém. Mas, se houver fatos e tiver indícios suficientes de crime de responsabilidade, naturalmente que o Senado tem que instaurar o processo, seja em relação a ministro do STF, ministro de Estado ou diretor de agência reguladora. Porque esses crimes de responsabilidade estão aí, e, se houver, têm que ser julgados, dando direito amplo de defesa, como a Constituição assegura a todos os brasileiros. O que não fizeram em relação a Jair Bolsonaro, que foi julgado em um tribunal de exceção.

Nesse cenário, o PT eleger mais senadores seria uma espécie de aliança com o Supremo?
Acho que o presidente Lula está certo de querer eleger senadores, assim como o presidente Bolsonaro. Isso faz parte da democracia. O importante é que haja separação dos Poderes. Eles são harmônicos e independentes. O que está acontecendo hoje é o Judiciário invadindo a pauta dos outros Poderes, seja do Executivo, seja do Legislativo.

Esta semana ouvimos muitas críticas à decisão liminar do ministro Gilmar Mendes, de que só a PGR poderia pedir esse impeachment. Acredita que o plenário manterá a posição?
É um estupro à Constituição Federal. Apesar de essa lei do impeachment ser de 1950, ela foi recepcionada pela Constituição Federal. E dois presidentes da República passaram pelo processo de impeachment. E o mesmo pode acontecer com ministros de Estado, com ministros de tribunais superiores, com diretores de agência. Não se discute o saber jurídico do ministro Gilmar Mendes, é uma pessoa que tem qualificação jurídica inequívoca. No entanto, no que pesa essa decisão temporária, espero que o ministro reveja. Creio que os demais ministros não concordam com isso.

Por ele ser o decano do STF, isso não terá sido acordado com os demais?
Eu espero que não. O STF vem sofrendo um problema. Desde que Bolsonaro foi eleito, o STF tem saído da pauta. Vinha muito bem; na época do Mensalão, os ministros andavam na rua e eram aclamados. Hoje eles não conseguem andar na rua, porque a justiça que não é justa não pacifica o coração do povo. O conhecimento jurídico que o ministro Gilmar tem não é condizente com essa decisão liminar. Espero que ele faça uma reflexão e volte a julgar de acordo com a jurisprudência da Corte e com a lei.

A saúde do Brasil piorou desde que o senhor deixou o ministério?
Vai de mal a pior. Vimos a epidemia da dengue; nem matar mosquito eles sabem. Diziam que havia um colapso no sistema de saúde do Brasil, que o governo Bolsonaro acabou com o SUS, o que o povo brasileiro sabe que não é verdade. Aliás, de 2008 a 2018, eles fecharam 40 mil leitos hospitalares no Brasil. E sabe quem era o ministro nesse período? Alexandre Padilha, que voltou com Lula. Colocaram aquela senhora que me substituiu (Nísia Trindade), depois fritaram ela — literalmente. Ela não era nem uma rainha da Inglaterra, me parecia mais com uma boba da corte. Teve que enfrentar a epidemia da dengue, mas isso não se enfrenta com teorias sociológicas. Se enfrenta com eficiência do sistema de saúde. Em 2024, tivemos oito mil óbitos por dengue no Brasil. Foi mais do que por Covid-19.

A que atribui esses números?
Veja quanto tempo demoraram. A Anvisa concedeu o registro de uma vacina da dengue produzida pelo Instituto Butantan em março de 2023. Sabe quando é que o PT colocou no SUS? Só em fevereiro de 2024. Então quase um ano de atraso. Lembra que, conosco, diziam que atrasou a vacina, que demorou, entendeu? Então é uma narrativa que não se sustenta — não só com a vacina da dengue.

E por que atrasou?
Por incompetência do governo. Eles fazem aposta errada o tempo inteiro. O governo Lula sempre volta para repetir os mesmos erros. Agora o objeto de desejo são as tais canetinhas emagrecedoras, que aliás o senhor Padilha está fazendo propaganda das canetinhas do amigo dele. Isso não é postura de ministro da Saúde. Claramente a saúde vai de mal a pior. É só mentira enganando a população; isso é o PT. Muita conversa fiada e pouca ação.

Os petistas classificaram o governo de Bolsonaro como genocida, por conta das mortes na pandemia...
E nós os classificamos como ladrões. Todas as vezes que ficam à frente do governo, vêm para fazer corrupção. Agora a gente está vendo o que está acontecendo na Previdência Social: as fraudes no INSS. Isso é o PT, com as estatais dando prejuízo. Essa questão do Bolsonaro foi tudo retórica. Morreram 700 mil pessoas porque a Covid-19 é uma doença grave, e o Brasil teve menos óbitos por milhão de habitantes do que os Estados Unidos e o Reino Unido, justamente por conta do sistema de saúde.

Mas Bolsonaro deu margem às críticas da oposição, com a história da gripezinha...
Quem falou isso foi o Dráuzio Varella. Bolsonaro não falou isso. O que ele disse foi que, se a Covid-19 fosse nele, pelo passado de atleta, seria como uma gripezinha. Porque o Bolsonaro é assim, tem esse jeito espontâneo, mas é uma pessoa que colocou todos os esforços para socorrer a população brasileira. Naturalmente que todos cometem erros. Se ele não tivesse cometido um errinho ali e outro acolá, nós não estaríamos passando pelo que estamos passando hoje, com o descondenado Lula. Nós adquirimos mais de 600 milhões de doses de vacina. E o Consórcio Nordeste disse que ia trazer 40 mil doses; trouxe zero.

E teve um escândalo nessa época...
Sim, envolvendo o hoje ministro-chefe da Casa Civil, o senhor Rui Costa (PT), que comprou respirador numa empresa e até hoje não chegou nenhum. Essa gente enganou o povo. Está aí a Procuradoria-Geral da República (PGR) na iminência de fazer uma denúncia contra o senhor Rui Costa. Eu quero saber se o Lula vai tirar ele quando for denunciado pela PGR. Teve problema no Maranhão também; inclusive parece que é o ministro Flávio Dino mesmo que julga essas questões, para confirmar o selo da absoluta parcialidade do Judiciário brasileiro.

Então não faltou nada na sua gestão na pandemia?
Durante a pandemia, Bolsonaro não deixou faltar nada para o povo brasileiro. Nós trouxemos vacinas. Agora, a gente não ia forçar as pessoas a tomarem a vacina, porque não dá certo. Por exemplo: sexo forçado é bom? Não, é estupro. Não funciona. O povo brasileiro queria tomar a vacina; por isso que eu vacinei muito mais do que a gestão petista.

O lockdown foi um erro?
Foi um caos. Imagina o impacto sobre a saúde mental dos idosos presos em casa, sem poder ver seus netos. E o impacto para a economia. Na realidade, nós não sabíamos. Essas posições de fechamento, de lockdown, foram tomadas com base em opiniões de especialistas, não de ensaios clínicos robustos, como se queria para algumas questões relativas à pandemia. Penso que não surtiu o efeito desejado. Naturalmente quem propôs isso tinha boa intenção, mas o resultado não foi o esperado, porque a gente lida com as pessoas.

A tomada de providências na pandemia não demorou?
Não houve demora de providências. A Anvisa aprovou a primeira vacina contra a Covid-19 no dia 19 de janeiro de 2021. Nesse mesmo dia, o primeiro brasileiro tomou a vacina. A vacina da dengue foi aprovada em março de 2023 e só começou em fevereiro de 2024. Cadê os especialistas que ficavam na televisão enchendo meu saco? Eles são uns caras de pau. Porque eles não têm coragem de criticar uma demora de meses, que levou várias crianças a morrer ou ficar internadas em UTI. Aí fica com essa conversa fiada sobre Bolsonaro. Vamos conversar e comparar.

Então houve falha de comunicação do governo para repassar informações à população na pandemia?
Não. Tudo foi passado. Agora, as pessoas não divulgaram. É porque aquele ambiente era muito anti-higiênico. Bolsonaro foi um governo muito operoso em relação à pauta da saúde, e Lula e Dilma, que são tudo a mesma coisa, vieram para destruir o nosso Brasil. E a gente quer fazer a comparação.

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