Dom, 07 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
ROMA

Tribunal italiano decide manter Carla Zambelli presa enquanto aguarda análise de extradição

Deliberação é divulgada um dia depois de audiência da parlamentar na Corte de Apelação de Roma

Tribunal italiano decide manter Carla Zambelli presa enquanto aguarda análise de extradiçãoTribunal italiano decide manter Carla Zambelli presa enquanto aguarda análise de extradição - Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A Justiça italiana decidiu que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ficará presa. A deliberação foi divulgada um dia depois de a parlamentar passar por uma audiência na Corte de Apelação de Roma.

NesSa quarta-feira (27), o tribunal encerrou sua sessão sem analisar se Zambelli poderia aguardar em liberdade uma decisão sobre o pedido de extradição para o Brasil, como pedira a defesa dela. O juiz responsável pediu mais tempo para avaliar os documentos apresentados.

Com a nova decisão, reportada pelo blog de Andréia Sadi, do g1, a parlamentar continuará presa no complexo penitenciário de Rebibbia, nos arredores de Roma.

A defesa da parlamentar pediu que Zambelli, considerada foragida da Justiça brasileira, fosse solta enquanto não há uma deliberação sobre a transferência ou não ao Brasil.

Os advogados de Zambelli citam motivos de saúde para embasar o pedido de soltura e alegam que o governo brasileiro não requereu a prisão preventiva dela. A Corte Suprema da Itália, no entanto, já afirmou que a inclusão de um acusado na difusão vermelha da Interpol, como ocorreu com a deputada, equivale a um pedido de prisão.

Segundo informações do laudo médico-legal apresentado à Justiça a pedido do governo italiano, antecipado pelo UOL e confirmado pelo GLOBO, as condições clínicas da deputada não impedem sua permanência na prisão nem uma eventual transferência para o Brasil. Durante sua última audiência de custódia, a parlamentar relatou estar se sentindo mal e precisou receber atendimento médico. Depois do episódio, a sessão foi suspensa e remarcada para ser retomada nesta quarta.

A defesa da parlamentar argumenta que ela sofre uma série de problemas "físicos e psicológicos", entre eles fibromialgia, que acarreta dores generalizadas pelo corpo, e depressão". A lista de doenças foi apresentada no tribunal como um dos argumentos para que ela responda pelo processo em liberdade ou tenha a prisão convertida em domiciliar. Na audiência desta quarta-feira, segundo o advogado Fábio Pagnozzi, também foi argumentado que ela não apresentaria risco de fuga do país.

Condenada no STF, presa na Itália
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou a deputada federal por porte ilegal de arma de fogo, por 9 votos a 2. Por meio de seus advogados, a deputada reafirmou sua inocência e disse ser "vítima de perseguição política, justo às vésperas de seu pedido de extradição".

No processo analisado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) a acusa de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma, por perseguir o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022, em São Paulo, após troca de provocações durante um ato político. Zambelli nega a acusação. O caso levou o ex-presidente Jair Bolsonaro a culpar a deputada por ter perdido o pleito.

Essa foi a segunda condenação de Carla Zambelli no STF. Em maio, a Primeira Turma do STF, por unanimidade, entendeu que a deputada federal e o hacker Walter Delgatti Neto eram culpados pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Eles responderam por crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. A pena fixada para Zambelli foi de 10 anos de prisão em regime inicial fechado e multa no valor de dois mil salários-mínimos.

No dia 29 de julho, Zambelli foi presa em Roma, onde tentava escapar do cumprimento do mandado de prisão expedido por Moraes no caso do CNJ. Com dupla cidadania, a deputada deixou o Brasil em maio e pediu asilo político na Itália. O governo brasileiro solicitou sua extradição, que está sob análise da Justiça italiana, sem prazo para decisão.

Veja também

Newsletter