Sáb, 06 de Dezembro

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Congresso Nacional

CPI da INSS: Aziz culpa falta de articulação do governo por derrota em comando de comissão

Senador disse que derrota foi um "livramento"

Senador Omar AzizSenador Omar Aziz - Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Derrotado para a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS, o senador Omar Aziz (PSD-AM), que era considerado favorito e contava com o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que o governo não se articulou pelo comando do colegiado.

Ao Globo, Aziz disse acreditar que se tratou de um "livramento" o fato de não estar à frente da CPI. Em uma reviravolta, a oposição conseguiu emplacar o senador Carlos Viana (Podemos-MG), eleito com 17 votos, na presidência. Aziz teve 13.

— Faz parte do jogo. Às vezes, Deus nos dá livramentos, isso foi um livramento. A oposição se mobilizou para votar, algo que o governo não fez. O MDB da Câmara teve deputados faltantes, que não votaram, por exemplo. Enquanto isso, ninguém do PL deixou de votar. Tá explicado o motivo de eu ter perdido? Mobilização, vontade de vencer — afirmou ao Globo.

A vitória de Viana refletiu uma articulação de última hora que garantiu vantagem de três votos à oposição. A comissão foi criada para apurar irregularidades em descontos indevidos sobre aposentadorias e pensões, um esquema que, segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), pode ter causado prejuízos superiores a R$ 6,4 bilhões. Aliados do presidente de Alcolumbre responsabilizaram o governo pela falta de articulação junto aos partidos da base.

— Quero agradecer cada um dos 17 senadores. Foi uma articulação dos últimos dias — agradeceu Viana. O senador ainda indicou Alfredo Gaspar (União-AL) para a relatoria.

A correlação de forças apontava vantagem para o governo, reduzindo a margem de atuação da oposição. Das 30 vagas de titulares, apenas oito foram preenchidas com representantes oposicionistas, divididos de forma equilibrada entre Câmara e Senado. Agora, com Viana na presidência, o Planalto pode sofrer mais revezes.

A estratégia da base governista será associar as fraudes a gestões anteriores, sobretudo ao período do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Petistas como Paulo Pimenta (RS), Alencar Santana (SP), Rogério Carvalho (SE) e Fabiano Contarato (ES) integram a linha de frente do Planalto na comissão e prometem explorar essa narrativa.

Entre os pontos sensíveis para o governo estão as possíveis convocações do ministro da Previdência, Carlos Lupi, de seu sucessor Wolney Queiroz, do presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, e do ex-chefe do instituto Alessandro Stefanutto.

Parlamentares bolsonaristas também pressionam pela convocação de Frei Chico, irmão do presidente Lula, que tem ligação com o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). A entidade foi citada em relatório da CGU sobre possíveis fraudes, mas Frei Chico não é investigado, e o sindicato nega irregularidades.

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