Defesa de Almir Garnier começa sustentação oral em julgamento da trama golpista
Advogados do ex-comandante da Marinha já negaram que ele tenha colocado tropas à disposição de Bolsonaro
O advogado Demóstenes Torres, responsável pela defesa do ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, começou a realizar sua sustentação oral no julgamento da ação penal da trama golpista. Garnier é um dos oito réus do processo, assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O ex-comandante da Marinha é suspeito de ter concordado com um plano de Bolsonaro para reverter o resultado das eleições de 2022 e de ter colocado as suas tropas à disposição do ex-presidente.
Nas alegações finais, apresentadas no mês passado, a defesa de Garnier argumentou que em nenhum momento ele colocou as tropas à disposição e afirmou que essa alegação é baseada apenas no depoimento do ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior.
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Isso porque o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes afirmou que Garnier teria dito que estava "com o presidente", sem menciona tropas.
"Perceba-se que apenas Baptista Júnior afirma que Garnier teria colocado tropas a disposição. Freire Gomes, que estava presente nas reuniões, afirmou apenas que ele teria se colocado 'com o Presidente', porém no sentido de respeito hierárquico. Há, portanto, contradição que, evidentemente deve ser resolvida a favor do réu, sobretudo porque outros elementos produzidos durante a instrução corroboram o relato de Freire Gomes", afirmaram os advogados.
Em seu interrogatório, em junho, Garnier confirmou a reunião com Bolsonaro, mas afirmou que o ex-presidente não abriu a palavra para os comandantes.
— Não houve deliberações, e o presidente não abriu a palavra para nós, ele fez as considerações dele, o que pareciam para mim mais preocupações e análise de possibilidades, do que propriamente uma ideia ou intenção de conduzir alguma coisa numa certa direção. A única que eu percebi que era tangível e importante era a preocupação com a segurança pública, com a qual a GLO é adequada dentro de certos parâmetros — afirmou Garnier.
Garnier é acusado de cinco crimes: tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Além do ex-comandante da Marinha e de Bolsonaro, também são réus os ex-ministros Walter Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Anderson Torres (Justiça) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o tenente-coronel Mauro Cid.
O julgamento começou nesta terça-feira, com a leitura do relatório, pelo ministro Alexandre de Moraes, e com as sustentações orais da acusação e das defesas.

