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Derrite critica governo Lula por segurança e diz que oposição precisa de maioria na Casa

Segundo o secretário, o governo quer "engessar estados, enquanto faz repasses irrisórios para as unidades federativas"

Secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite (PP) deve concorrer ao Senado por São Paulo em 2026Secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite (PP) deve concorrer ao Senado por São Paulo em 2026 - Foto: Divulgação/SSP

O secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), fez críticas ao governo Lula durante ida ao Congresso nesta terça-feira, onde participou de uma sessão da Comissão Especial sobre Competências Federativas do setor.

Tido como nome certo para concorrer ao Senado por São Paulo no ano que vem, com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, Derrite não poupou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública encampada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

Segundo o secretário, o governo quer "engessar estados, enquanto faz repasses irrisórios para as unidades federativas".

A PEC da Segurança foi aprovada em julho pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, mas ainda não foi analisada pelo plenário da Casa. De acordo com o relator da PEC, o deputado Mendonça Filho (União-PE), de oposição ao governo, a intenção é votar o texto na primeira semana de novembro.

Mendonça alterou a proposta, mas o texto ainda continuou alvo de insatisfação de deputados bolsonaristas, que votaram contra na CCJ e criticaram o que consideram uma concentração excessiva de poder na União.

— Precisamos retirar o caráter personalíssimo das políticas de segurança pública. O governo não pode centralizar tudo, ditando diretrizes baseadas em um conselho nomeado pelo próprio governo. Hoje, o financiamento da segurança recai sobre os ombros dos estados, algo em torno de 80% dos valores. É preciso ter proporcionalidade nisso. O governo quer dizer onde as diretrizes devem trabalhar, mas não que financiar, além de não trazer fontes para o Fundo Nacional de Segurança Pública, que traz valores irrisórios — afirmou Derrite.

Ele também defendeu que as audiências de custódia sejam repensadas.

— O que vai resolver o problema da segurança é a resolução dos mecanismos que trazem impunidade. As audiências de custódia libertam até sequestradores. É necessário restringir isso, é necessário criar critérios objetivos de conversão de prisão preventiva para reincidente criminal, ameaça e violência, por exemplo.  Isso é um câncer maligno, afirmou. Isso gera um estímulo para o criminoso seguir cometendo delitos.

Cortejado por bolsonaristas e abordado para fazer vídeos com deputados durante a sua chegada, Derrite apresentou números da segurança pública de São Paulo e falou como candidato.ao Senado no ano que vem.

Ele deve deixar a secretaria antes do prazo legal de desincompatibilização, previsto para abril de 2026. A saída, articulada com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), deve ocorrer até março e será apresentada como uma estratégia para que Derrite reassuma o mandato de deputado federal e avance em seu projeto de candidatura ao Senado.

Derrite não citou os episódios de violência policial e declarações polêmicas que geraram desconforto dentro do governo, especialmente no final de 2024. Embora os índices de homicídios e roubos tenham caído, a letalidade policial aumentou.

— O Senado é importante para a direita, temos duas vagas no ano que vem. Tudo o que está sendo feito na Secretaria de Segurança vai nos gerar frutos à frente — completou antes de deixar o Congresso.

Antes, a cúpula do PL, partido de Bolsonaro, apostava em uma dobradinha dele com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Agora, a candidatura do filho do ex-mandatário é considerada improvável, já que ele permanece nos Estados Unidos e teme ser preso ao voltar para o Brasil. 

A segunda vaga conta com postulantes como Marcos Feliciano (PL) e Cezinha Madureira (PSD).

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