Eduardo Bolsonaro diz que mulher de Moraes pode ser alvo de sanções de Trump
Em entrevista ao Financial Times, o deputado também afirmou que o presidente americano tem 'uma gama de possibilidades' para penalizar autoridades brasileiras
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem "uma gama de possibilidades" para aumentar as retaliações ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o parlamentar, isso inclui sancionar a esposa do magistério e ampliar as restrições a aliados e outras autoridades brasileiras. As declarações foram concedidas em entrevista ao jornal britânico Financial Times, publicada nesta segunda-feira.
“Sei que (Trump) tem uma gama de possibilidades em sua mesa, desde sancionar mais autoridades brasileiras, até uma nova onda de retirada de vistos e questões tarifárias”, afirmou o deputado. "Trump ainda tem a opção de dobrar a aposta em cima da reação de Moraes".
De acordo com Eduardo, o ministro já teria "esgotado suas opções" com a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na semana passada, após o descumprimento de medidas cautelares.
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“Acredito que poderia haver uma forte resposta aqui dos EUA, talvez sancionando a esposa de Moraes, que é seu braço financeiro”, disse. “(Ou) Talvez uma nova onda de revogação de vistos dos aliados", completou.
Em julho, Eduardo criticou um possível bloqueio das contas bancárias de sua esposa, Heloísa Bolsonaro, que ficam inacessíveis. "Minha esposa, Heloísa, que não é política e nem milita nesta área, teve suas contas bancárias bloqueadas sem qualquer justificativa legal. Trata-se provavelmente de mais um ato arbitrário ordenado por Alexandre de Moraes", especulou.
Punições a autoridades
Na próxima quarta-feira (13), em Washington, o parlamentar fará uma série de reuniões com autoridades americanas para debater os desdobramentos do tarifaço. Conforme antecipado pela colunista Bela Megale, aliados de Eduardo afirmam que, entre os assuntos abordados, estão eventuais sanções ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-SP), e ao ministro Gilmar Mendes, do STF.
Segundo o Financial Times, o deputado brasileiro "tem feito campanha" para que os americanos apliquem medidas contra o Supremo com "o objetivo de livrar seu pai de uma possível condenação". O jornal também destacou que Brasil e Estados Unidos, "as duas maiores democracias das Américas", vivem o pior momento em dois séculos de relação diplomática.
Para ampliar a pressão sobre o STF, o parlamentar também declarou que planeja viajar para a Europa. Ele pretende apresentar aos parlamentares europeus as sanções já impostas pelos EUA e buscar apoio para medidas semelhantes na União Europeia.
“Por exemplo, o líder do Chega, que agora é o segundo maior partido em Portugal, André Ventura, disse que também quer impedir Alexandre de Moraes de entrar em Portugal e congelar qualquer bem que ele possa ter lá, com base em leis de direitos humanos.”
Críticas no Brasil
O Financial Times também ressaltou que, no Brasil, a campanha de Eduardo tem sido alvo de críticas. Sobre as acusações de ser antipatriótico, o deputado afirmou estar agindo para "salvar a democracia". Nesta semana, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez críticas ao parlamentar:
"Cada parlamentar tem sua autonomia e sua liberdade para agir de acordo com o que ele acha se importante. Eu não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do país trabalhando muitas vezes para que medidas cheguem ao seu país de origem e tragam danos à economia do seu país. Isso não pode ser admitido", afirmou, em entrevista à revista Veja.
Outro que teceu críticas foi o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Em entrevista ao Canal Livre, programa da Band exibido ontem à noite, ele afirmou que a postura do parlamentar tem sido "totalmente inadequada". "Na hora em que ele não se alinha àqueles que defendem os interesses do Brasil, é um erro muito grande", completou.

