Sáb, 20 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
PROCESSO

Eduardo Bolsonaro reage à manifestação da PGR ao STF por coação

Procurador-Geral vê ações coordenadas do deputado e de Paulo Figueiredo por punições que atingiram a economia e ministros da Corte

Eduardo Bolsonaro diz receber com gratidão as novas sanções dos Estados UnidosEduardo Bolsonaro diz receber com gratidão as novas sanções dos Estados Unidos - Foto: Eduardo Bolsonaro / Flickr

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reagiu nesta segunda-feira (22) à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por coação em processo. Em nota conjunta com o blogueiro bolsonarista Paulo Figueiredo, que também foi alvo da decisão, o parlamentar descreve a ação como uma “denúncia fajuta dos lacaios do (ministro do Supremo Tribunal Federal) Alexandre (de Moares) na PGR.

O filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também cita as novas sanções anunciadas nesta segunda-feira pelos Estados Unidos contra brasileiros, que ele diz receber com “gratidão”, e reafirma que o caminho para a pacificação no Brasil passa por uma “anistia ampla, geral e irrestrita”.

“Seguiremos atuando e advogando, junto a parceiros internacionais, para que outros apoiadores que facilitaram ou se beneficiaram de condutas sancionadas sejam gradualmente incluídos. O cancelamento de vistos de oficiais do governo brasileiro, do TSE e do Judiciário é um aviso inequívoco: ninguém será poupado - não importa o escalão ou se estavam apenas 'cumprindo ordens' - se persistirem em práticas que afrontam o Estado de Direito”, disse, em nota.

A PGR os acusa de articularem ações, nos Estados Unidos, voltadas a ampliar sanções ao Brasil e a ministros do STF com o objetivo de intervir em processos judiciais para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e o próprio Figueiredo.

A denúncia enumera declarações públicas dos próprios denunciados em redes sociais e inclui também dados extraídos de celulares apreendidos no âmbito de medidas cautelares autorizadas pelo STF, entre eles o do próprio Bolsonaro.

"As condutas criminosas se sucederam, estruturadas pela ameaça de obtenção de sanções estrangeiras tanto para os Ministros do Supremo Tribunal Federal como para o próprio país (Brasil). O propósito foi o de livrar Jair Bolsonaro, e também o próprio Paulo Figueiredo, da condenação penal pelos crimes que ensejaram a abertura de procedimentos criminais" relacionados à trama golpista, segundo a denúncia.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão no âmbito da ação penal da trama golpista, e o pastor Silas Malafaia, foram citados na investigação, mas não foram denunciados pela PGR.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, argumenta que as ações caracterizam o crime de coação, que tem pena prevista de um a quatro anos de prisão, além de multa. Esse crime consiste em "usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral".

Segundo Gonet, as ameaças de Eduardo Bolsonaro e Figueiredo são "inequívocas e consistentes". Gonet diz que ambos empenharam-se, de forma reiterada, em submeter os interesses da República e de toda a coletividade aos seus próprios desígnios pessoais e familiares.

"Ameaçavam as autoridades judiciárias e de outros Poderes com a promessa de que conseguiriam de autoridades norte-americanas sanções dispostas para dificultar e arruinar suas vidas civis, mesmo no Brasil, se o processo criminal não tivesse o fim que desejavam ou se a anistia – extensiva necessária e prioritariamente a Jair Bolsonaro – não fosse pautada e conseguida no Congresso Nacional", explicita a denúncia.

Gonet afirma que Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo buscaram "instaurar clima de instabilidade e de temor, projetando sobre as autoridades brasileiras a perspectiva de represálias estrangeiras e sobre a população o espectro de um país isolado e escarnecido".

"Tudo isso, e sempre, no intuito de mover o Supremo Tribunal Federal a não produzir juízos condenatórios nos processos relativos ao chamado 'caso do golpe'. O objetivo sempre foi o de sobrepor os interesses da família Bolsonaro às normas do devido processo legal e do bom ordenamento da Justiça", conclui o procurador-geral.

Veja também

Newsletter