Eduardo ironiza "união da direita" e Carlos cobra aliados que prometem perdão a Bolsonaro
Declarações dos filhos do ex-presidente ocorrem ao passo que a dosimetria também foi deixada de lado na Câmara
Os filhos de Jair Bolsonaro (PL) intensificaram as críticas a aliados no momento em que a anistia ampla perdeu força no Congresso e até a discussão sobre dosimetria das penas empacou.
Eduardo ironizou a falta de coesão dos partidos que orbitam em torno do pai e Carlos deu uma indireta a governadores de direita que fizeram promessas de perdoar Bolsonaro judicialmente caso sejam eleitos à Presidência em 2026.
Em publicação nas redes, o vereador do Rio de Janeiro foi direto: “Chega desse papo de ‘eu darei indulto se for eleito’ para enganar inocentes”. Carlos lembrou que Bolsonaro, quando presidente, concedeu graça a Daniel Silveira, mas “mesmo assim foi atropelado pelo sistema”.
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O recado mirou declarações recentes de governadores, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União-GO), que acenaram com a possibilidade de perdoar o ex-presidente caso vençam as eleições no próximo ano.
Eduardo Bolsonaro também subiu o tom. Em vídeo, pediu “liberdade para Bolsonaro” e questionou: "O maior líder político da América Latina está preso ilegalmente. Cadê a tal ‘união da direita’?"
A “união da direita” faz referência indireta a uma declaração do senador Ciro Nogueira, que recentemente cobrou dos aliados um mínimo de convergência para 2026.
"Já está passando de todos os limites a falta de bom senso na direita, digo aqui a centro-direita, a própria direita e seu extremo. Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez", escreveu na sexta-feira passada.
Preso em domiciliar, Bolsonaro ainda não indicou quem será o herdeiro de seu espólio. Os filhos insistem que ele será candidato, apesar de estar inelegível. A movimentação dos governadores da direita, neste contexto, tem irritado a família.
O pano de fundo dos posicionamentos recentes dos filhos é a constatação de que o tema da anistia perdeu espaço no Parlamento. Depois do revés da PEC da Blindagem, líderes da Câmara reconhecem reservadamente que não há clima para votar a medida. Até a discussão sobre a dosimetria das penas foi deixada de lado.
Por ora, a avaliação entre parlamentares é que não há como avançar nem com anistia nem com dosimetria. O relator do texto, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), já conversou com os partidos, mas a votação do mérito segue sem previsão. No entorno do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a leitura é que a prioridade do momento está em outras pautas, como segurança pública.

