Sáb, 06 de Dezembro

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Flávio Bolsonaro reclama de tempo de visita ao pai preso: 'apenas 30 minutos de conversa'

Senador foi apontado como porta-voz do ex-presidente, detido preventivamente desde sábado

Flávio Bolsonaro participa de reunião do PL em defesa do seu pai, Jair BolsonaroFlávio Bolsonaro participa de reunião do PL em defesa do seu pai, Jair Bolsonaro - Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Apontado pela família como porta-voz do pai, Jair Bolsonaro, preso preventivamente desde sábado, o senador Flávio Bolsonaro criticou o tempo de visita autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Pelas redes sociais, o político disse que os encontros com o parente "ficaram ainda mais restritos" agora que ele foi levado para a Superintendência da Polícia Federal.

Em despacho neste domingo, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou a visita de Flávio e outros dois filhos do ex-presidente, Carlos e Jair Renan, mas um de cada vez e por até 30 minutos. Além disso, os visitantes estão "expressamente proibidos" de utilizar celulares, tirar fotos ou gravar imagens no encontro, conforme a decisão do magistrado.

Moraes citou em sua decisão uma portaria da Polícia Federal que disciplina a realização de visitas a detentos. Pela norma, “(as visitas) ocorrerão às terças-feiras e quintas-feiras, das 9h às 11h, com duração de 30 (trinta) minutos, com limitação de 2 (dois) familiares por dia de visita”.

Flávio argumentou que as visitas são "importantes" — e meia hora seria pouco — para ver "com os próprios olhos" como está a saúde do pai e receber "quaisquer orientações que sejam importantes".

"As crueldades não têm limites", escreveu ele, na postagem. "Apenas 30 de minutos de conversa. Esse tipo de limitação é uma faca no peito para um pai e para um filho. Mas vamos superar".

Na postagem, o senador compartilhou também, em vídeo, suas declarações na entrevista coletiva concedida após reunião de emergência convocada na sede do PL. Flávio afirmou que o “objetivo único” da oposição agora é aprovar a anistia aos condenados e investigados pelos atos do 8 de Janeiro. O encontro reuniu Michelle Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Jair Renan, além do advogado Paulo Bueno e parlamentares alinhados ao núcleo mais ideológico da legenda.

No encontro, dirigentes e parlamentares acertaram apoiar a tramitação do projeto que reduz penas — relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP) — como forma de manter o tema vivo e, em paralelo, e tentar alterá-lo em plenário, para ressuscitar a anistia total. Estiveram presentes nomes como Nikolas Ferreira, Altineu Cortês, Sóstenes Cavalcante, Rogério Marinho e Carlos Portinho.

A estratégia, porém, tem poucas chances de prosperar: o destaque dependeria de um apoio muito superior ao tamanho da bancada bolsonarista, que soma pouco mais de noventa deputados.

A movimentação representa uma mudança de posição do PL, que até a semana passada sustentava publicamente que a anistia ampla era a única alternativa. Agora, parte da bancada avalia que apoiar a dosimetria garante uma reação política imediata à prisão do ex-presidente e reabre margem de negociação com o Centrão.

Líderes desses partidos, porém, afirmam que não há ambiente para votar qualquer proposta relacionada ao 8 de Janeiro. O assunto será levado à reunião de líderes desta terça-feira, e o presidente da Câmara, Hugo Motta, só deve pautar a matéria se houver consenso — o que não ocorreu nas últimas semanas.

O texto de redução de penas também alcançaria Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão, e poderia diminuir a pena em pelo menos sete anos.

Embora a manifestação de Arthur Lira (PP-AL) em defesa de Bolsonaro tenha animado parte da oposição no sábado, aliados do presidente da Câmara classificam o gesto como simbólico e avaliam que a pauta segue travada.

Paulinho da Força afirmou no fim de semana que a prisão poderia acelerar a votação, mas seu entorno já descarta que o projeto avance esta semana diante da resistência do Centrão.

Flávio como porta-voz do bolsonarismo
Após a prisão de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foram cotados como possíveis porta-vozes do ex-presidente. Na reunião de segunda, o senador foi escolhido como o intermediador do pai.

Durante a coletiva, ele reforçou que a saúde do pai está fragilizada e que a família deseja sua recondução para a prisão domiciliar, o que foi negado pelo ministro Alexandre de Moraes após a tentativa de danificar a tornozeleira eletrônica.

A decisão de Moraes que levou Bolsonaro à custódia cita uma convocação feita por Flávio para uma vígilia que ocorreria no sábado. Na argumentação do ministro, o ex-mandatário teria tentado romper a tornozeleira para fugir. Flávio negou intenção de fuga do pai e reiterou a versão da defesa, de que Bolsonaro estaria em surto.

— Quando vazam o vídeo dele com som, é um consenso de que a voz estava alterada e arrastada. Quando vem o laudo médico comprovando quais remédios ele tinha tomado, Alexandre de Moraes vira um negacionista da ciência — afirmou o senador.

Neste domingo, em audiência de custódia que manteve sua prisão, Bolsonaro disse ter tomado sertralina e pregabalina, o que foi confirmado por sua equipe médica em seguida.

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