Sex, 05 de Dezembro

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JULGAMENTO

Fux anima entorno de Bolsonaro ao abrir divergência com Moraes

Aliados apontam que o ex-presidente assiste à sessão com alivio, ao lado de Michelle

Ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF)Ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF) - Foto: Rosinei Coutinho/STF

O voto do ministro Luiz Fux no julgamento que analisa a participação de Jair Bolsonaro na trama do golpe no Supremo Tribunal Federal (STF) levou entusiasmo ao entorno do ex-presidente.

Fux divergiu do relator, Alexandre de Moraes, ao afirmar que a Primeira Turma da Corte não teria competência para julgar os réus e defendeu a nulidade da ação penal. A análise preliminar, sem julgamento do mérito do caso, já foi suficiente para animar aliados e familiares de Bolsonaro.

Embora o ministro ainda não tenha entrada no mérito da acusação por tentativa de golpe, interlocutores apontam que o ministro começou sua atuação marcando posição ao destacar uma questão processual que pode beneficiar a defesa.

O ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten destacou que o voto trouxe um “tsunami de dados” e afirmou que Fux está “fazendo história”. Segundo ele, independentemente do desfecho do voto de mérito, Fux evidenciou a perseguição política em detrimento do bom direito, reforçando que o papel do bom julgador exige “isenção acima de tudo, independência acima de todos”.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), por sua vez, ressaltou que Fux deixou claro que nenhum dos réus possui prerrogativa de foro, ou seja, ninguém deveria estar sendo julgado pelo STF.

 

Em Brasília, Bolsonaro acompanha o voto em sua residência, ao lado da ex-primeira-dama Michelle, com atenção às divergências abertas por Fux. Segundo interlocutores, o ex-presidente demonstra entusiasmo, reagindo com gestos de aprovação e compartilhando comentários discretos com a esposa. Ao mesmo tempo, precisou se deitar por alguns instantes, interrompendo a atenção à televisão, em razão de um quadro de soluços decorrente da facada sofrida nas eleições de 2018.

Michelle ajustou sua agenda para permanecer ao lado do marido, recusando compromissos públicos nesta semana e reforçando o apoio familiar em um momento delicado.

Até o momento, Bolsonaro não está acompanhado dos filhos: Flávio segue pelo Compresso, Jair Renan não está em Brasília, Carlos ainda não chegou à residência, e Eduardo está nos Estados Unidos desde fevereiro.

O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, afirmou ao chegar ao Supremo que o ex-presidente está “bastante chateado” com os desdobramentos do julgamento. Posteriormente, o entusiasmo com a divergência aberta por Fux se tornou evidente: sorrisos contidos, observações rápidas e comentários silenciosos para Michelle marcaram a reação de Bolsonaro à sessão.

Aliados estavam com expectativa pelo voto desde ontem, quando Fux indicou, durante a análise do voto de Moraes, que considerava que o processo deveria ser julgado em plenário. A avaliação entre o entorno do ex-presidente é de que a atuação inicial de Fux, mesmo em preliminar, traz um alento.

Antes da sessão, o líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), afirmou que tinha “esperança” no voto de Fux.

— Lógico que o voto do ministro Fux é uma esperança jurídica no meio de um julgamento político — disse o parlamentar.

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