Sex, 05 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
stf

Fux votou por competência do STF para julgar 8/1 em 1.600 casos, mas mudou de posição há pouco tempo

Ministro passou a defender que análise dos atos golpistas não deve ocorrer na Corte, por falta de foro privilegiado

Ministro Luiz Fux durante interrogatório de réus do processo da trama golpista Ministro Luiz Fux durante interrogatório de réus do processo da trama golpista  - Foto: Fellipe Sampaio/STF

Antes de defender a nulidade da ação penal da trama golpista pela falta de competência do Supremo Tribunal Federal ( STF) para julgar o caso, o ministro Luiz Fux já votou por manter os processos de réus dos atos golpistas do 8 de janeiro em mais de 1,6 mil casos analisados.

Nos últimos meses, no entanto, Fux mudou de posição e passou a entender que os julgamentos deveriam ocorrer na primeira instância, por não terem foro por prerrogativa de função.

O novo posicionamento foi reforçado nesta quarta-feira (10), no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados por uma tentativa de golpe. Fux argumentou que os réus são pessoas sem prerrogativa de foro por função, isto é, sem o direito de serem julgadas por uma instância superior.

Antes, Fux havia seguido integralmente o relator das investigações do 8 de janeiro, Alexandre de Moraes, em 1.692 recebimentos de denúncias envolvendo os atos antidemocráticos. A partir de março, contudo, Fux passou a divergir na competência do STF e registrou essa posição em 37 julgamentos (2,14% do total).

Quando o STF recebeu as primeiras denúncias do 8 de janeiro, em abril de 2023, ficou decidido que a Corte tinha a competência para analisar esses casos. O entendimento foi que essas investigações eram relacionadas com outros processos que já tramitavam no tribunal.

Na época, os únicos ministros que discordaram desse ponto foram André Mendonça e Nunes Marques. Fux e os demais integrantes seguiram integralmente Moraes.

O ministro passou a mudar seu posicionamento no recebimento da denúncia da trama golpista, em março. Na análise dos pedidos preliminares, Fux foi o único a votar para que o caso não fosse analisado pelo STF. E, caso o julgamento ocorresse na Corte, deveria ser no plenário, e não na turma.

A partir daí, Fux também passou a registrar essa ressalva nos demais recebimentos de denúncias do 8 de janeiro.

"Peço vênia para divergir parcialmente do eminente Ministro Relator e seguir coerente à posição que tenho adotado reiteradamente em manifestações proferidas nesta Corte, para reconhecer a incompetência do STF para julgamento originário do feito", escreveu o ministro em seus votos.

Veja também

Newsletter