Gleisi marca reunião com Derrite para debater novas alterações no projeto Antifacção
Ministra Gleisi Hoffmann critica versão apresentada pelo relator do projeto, deputado bolsonarista
A ministra-chefe da Secretaria das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, marcou uma reunião da equipe do governo Lula com o presidente da Câmara, Hugo Motta e o relator do projeto de lei antifacção, o deputado bolsonarista Guilherme Derrite (PP-SP), para debater pontos de uma quinta versão do projeto antes que ela seja protocolada.
A previsão é de que a matéria seja votada na sessão desta terça-feira.
Também devem participar da reunião o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e membros de sua equipe, que devem avaliar juridicamente a nova minuta de Derrite.
Gleisi conversou na noite desta segunda-feira com Motta na residência oficial do presidente da Câmara. Na saída, a ministra afirmou que, tal como está a quarta e mais recente versão do texto apresentada por Derrite, não há acordo com a base aliada para a sua aprovação em plenário.
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— Ele (Motta) falou que o relator está preparando (um novo texto) e se dispôs a fazer uma nova conversa conosco antes de publicá-lo. (...) Ele já decidiu que vai colocar (o projeto em votação nesta terça-feira). É óbvio que é uma matéria complexa, talvez requeresse mais tempo, mas o governo está preparado para fazer essa discussão — disse Gleisi a jornalistas após o primeiro encontro com Motta.
Gleisi disse que a equipe de articulação política do governo quer "influenciar ao máximo" na discussão do tema "pela importância" do projeto, que foi elaborado pelo Ministério da Justiça ao longo de seis meses.
— Pelo que eu senti, o presidente Hugo quer acelerar (a votação) porque ele acha que é importante. O que eu disse a ele é que nós estamos preparados e vamos tentar fazer essa conversa amanhã — afirmou.
Questionada sobre a possibilidade de parlamentares da oposição bolsonarista apresentarem um destaque que reintroduza mudanças na Lei Antiterrorismo que equiparem as penas para integrantes de facções criminosas a membros de organizações terroristas, a ministra criticou a medida. Uma mudança nesse sentido enfrenta a resistência também de especialistas em segurança e do setor financeiro brasileiro porque poderia abrir margem para que o Brasil sofresse sanções econômicas.
— A oposição tem direito de apresentar o que quiser e nós temos que fazer o debate no plenário e defender a nossa posição. Está claro que essa questão do terrorismo é prejudicial ao país. A oposição vai fazer isso de novo? Já não basta o que estão fazendo com o Eduardo Bolsonaro lá fora, já não basta a faca que enfiaram no nosso pescoço com as ações do Trump? A oposição tem que se tocar um pouco também e pensar no Brasil — disse Gleisi, em alusão ao apoio de parte do bolsonarismo a sanções promovidas pelo governo americano contra o país.
Mais cedo nesta segunda-feira, Lewandowski também criticou o texto atual apresentado por Derrite. O ministro afirmou que há trechos inconstitucionais e que ao projeto substitutivo faltou "técnica legislativa". O titular da Justiça, porém, disse também que o governo teria "chances baixas" de aprovar um projeto alternativo no Congresso, dado que não possui maioria parlamentar.

