Gleisi se reúne com presidente da Câmara e promete acelerar emendas
Líderes da base também participarem de encontro na residência oficial da Câmara
Um dia depois do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ter marcado para a próxima quarta-feira a votação do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, esteve na residência oficial da Câmara nesta quarta-feira para tratar de outro ponto que preocupa a base: a execução das emendas parlamentares.
A ministra prometeu acelerar o fluxo de empenho e pagamento, após semanas de atraso que vinham irritando deputados aliados. Segundo relatos, representantes do PT, PSOL, PSD, PDT e MDB participaram da conversa.
O encontro com líderes do governo serviu para acalmar aliados e reforçar que o Palácio do Planalto vai entregar, em paralelo à agenda econômica, recursos que garantem sustentação política no dia a dia. Após a reunião, sob reserva, líderes reconheceram que não é possível pedir votos sem garantir a execução de emendas.
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A decisão de Motta sobre o IR só foi possível porque, a pedido do presidente interino Geraldo Alckmin, o governo retirou a urgência constitucional do projeto de licenciamento ambiental, que até quarta-feira trancava a pauta do plenário. O gesto abriu espaço para que o presidente da Câmara atendesse a um pleito do Planalto e desse previsibilidade a uma votação que vinha sendo adiada desde agosto.
Nos bastidores, a leitura é de que os movimentos desta semana fazem parte de uma costura mais ampla. Ao mesmo tempo em que o Planalto abre mão da urgência de um tema tido como essencial, como o licenciamento, tenta avançar em pautas consensuais, como o IR e a medida provisória do programa “Agora Tem Especialistas”, do Ministério da Saúde.
Já Motta reforça seu papel de fiador da agenda, calibrando o ritmo das votações e mantendo sob controle discussões mais sensíveis, como a anistia dos condenados pelo 8 de janeiro, que perdeu fôlego após as sanções impostas pelos Estados Unidos.
A estratégia do presidente nesta semana, segundo líderes próximos, foi manter a pauta mais fraca, em uma tentativa de atrair menos atenção. Na semana passada, as votações da urgência da anistia e da PEC da Blindagem colocaram a Câmara nos holofotes das críticas. Durante o fim de semana, manifestantes foram às ruas contra as propostas.

