Governo brasileiro quer atuar com discrição e sem parceiros internacionais para enfrentar Trump
Americano estabeleceu 50% de tarifas contra o Brasil a partir de agosto
O Brasil tentará resolver sozinho o impasse com os Estados Unidos, causado por uma crise que escala nos campos político, econômico e diplomático. De acordo com auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não há intenção de chamar outros países para formar uma força contra o tarifaço promovido pelo presidente dos EUA, Donald Trump. A ideia é agir com discrição, sem bate-bocas e ataques desnecessários.
Na quarta, Trump anunciou uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros, a começar a valer em 1º de agosto.
No próximo dia 21, Lula viajará ao Chile, para participar da “Reunião de Alto Nível Democracia Sempre”. O evento, que ocorrerá no Palácio de La Moneda, sede da presidência chilena, foi anunciado pelo presidente Gabriel Boric.
É esperada a presença de outros líderes de esquerda, como o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, e os presidentes da Colômbia e do Uruguai, Gustavo Petro Yamandú Orsi.
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Para o governo brasileiro, não é aconselhável introduzir o tarifaço e o próprio nome de Trump nos debates que ocorrerão no Chile. O melhor seria ignorar os últimos movimentos da Casa Branca e avançar em um posicionamento compartilhado a favor do multilateralismo, da democracia e da cooperação global baseada na justiça social.
Interlocutores do Palácio do Planalto avaliam que os ataques de Trump ao Brasil tem motivação política e é capitaneada pela extrema direita.
Para integrantes do governo, a ação de Trump mostra o claro interesse da Casa Branca em interferir na eleição de 2026. O uso de tarifas é movido por motivações políticas, afirmam. Por isso, Trump acredita que, ao defender Bolsonaro, ajudará a minar uma eventual candidatura de Lula.
Além da questão política, há interesses relacionados à regulação das big techs pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Donald Trump comprou essa briga e criou sua própria plataforma, a Truth Social, e critica as ações do ministro da Corte, Alexandre de Moraes.

