Sáb, 13 de Dezembro

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ELEIÇÕES 2026

Insatisfeito com Flávio, Centrão quer manter aliados para isolar Tarcísio de bolsonaristas

Aliados do ex-presidente reclamam dos poucos acenos do governador de São Paulo

Tarcísio de Freitas, governador de São PauloTarcísio de Freitas, governador de São Paulo - Foto: Paulo Guereta/Governo do Estado de SP

Uma das principais críticas feitas por aliados mais próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação à gestão do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é a falta de espaços para nomes caros ao bolsonarismo em seu secretariado. Em retaliação ao anúncio do nome do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para concorrer à presidência em 2026, integrantes do Centrão pressionam para que esse cenário seja mantido.

Com isso, possíveis trocas de cargos de confiança do governador, que tinham a intenção de contemplar bolsonaristas de primeira-hora e reforçar o vínculo com o ex-mandatário, de olho nas próximas eleições, estão suspensas. Anteriormente, mudanças eram consideradas em nome do projeto presidencial. 

No entender de lideranças de partidos que tinham em Tarcísio o nome favorito para representar o espectro de centro-direita ao Palácio do Planalto, o momento era de mostrar uma guinada ao Centro, o que cai por terra com a nomeação de Flávio. 

Integrantes de Republicanos, União Brasil e Progressistas avaliam que Tarcísio precisa se distanciar, mais do que nunca, de nomes radicais como forma de manter a "tração" da sua candidatura, caso a empreitada de Flávio não vá à frente, e seguir se posicionando como "moderado", mas com o apoio do ex-presidente. 

Os bolsonaristas reclamam dos poucos acenos do governador de São Paulo ao ex-presidente, que foi o principal fiador da sua campanha ao Palácio Bandeirantes, e do quanto ele evitou nomeações que reforçariam o vínculo, sob o pretexto de construir um "secretariado técnico". 

Como O GLOBO mostrou, o encontro entre caciques do Centrão e Flávio, nesta segunda, teve momentos de tensão em função do anúncio feito dias antes por ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que escolheu o filho primogênito para concorrer ao Palácio do Planalto em 2026.

Contrariados por não terem sido avisados previamente da movimentação, os presidentes do União Brasil, Antônio de Rueda, e do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), questionaram a Flávio o motivo pelo qual não houve diálogo prévio e afirmaram que seguem tendo Tarcísio como nome favorito. Pessoas que participaram do encontro relataram que Flávio foi questionado se queria "trazer para si" o ativo da direita e construir uma candidatura sem alianças. 

Trocas no secretariado
A saída de Gilberto Kassab (PSD) da Secretaria de Governo e Relações Institucionais de São Paulo, anunciada nesta quarta-feira, não deve ser a única baixa da gestão Tarcísio e outros secretários pretendem deixar o cargo de olho nas eleições de 2026, o que abriria caminho para bolsonaristas, caso o projeto seguisse de pé. 

No mês passado, Guilherme Derrite (PL) saiu da Secretaria de Segurança Pública para retomar a cadeira na Câmara dos Deputados, e no ano que vem deve disputar uma vaga no Senado. 

O secretário da Casa Civil, Arthur Lima, é um deles. Ele é considerado braço direito de Tarcísio e está no governo desde o primeiro dia de mandato, mas estuda se candidatar a deputado federal.

Os secretários Guilherme Piai (Agricultura) e Helena Reis (Esporte) também avaliam o mesmo caminho. O secretário de Turismo, Roberto de Lucena (Republicanos), também deve deixar o cargo pelo mesmo motivo, mas no seu caso trata-se de uma tentativa de reeleição, já que ele é deputado federal que se licenciou em 2023 para assumir a pasta estadual.

Uma das poucas bolsonaristas contempladas no secretariado de Tarcísio, a secretária da Mulher, Valéria Bolsonaro (PL), deixou o cargo nesta quarta-feira para retomar o mandato de deputada estadual. Ela se licenciou da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para assumir a pasta, no ano passado, e no ano que vem deve tentar a reeleição.

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