Sáb, 13 de Dezembro

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Líderes da Câmara ligam operação que mira ex-assessora de Lira à tentativa de cassar Glauber Braga

PF cumpriu mandados de busca e apreensão em investigação sobre emendas parlamentares

Câmara dos DeputadosCâmara dos Deputados - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Líderes da Câmara dos Deputados vincularam a operação da Polícia Federal que mirou uma ex-assessora de Arthur Lira (PP-AL) por determinação do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). à tentativa da Casa em cassar o mandato de Glauber Braga (PSOL-RJ). O parlamentar do PSOL e outros congressistas prestaram depoimento no inquérito que deu origem à ação da PF.

Nesta sexta-feira, agentes foram à Câmara e outros endereços para apurar suspeitas de desvios de emendas parlamentares. O alvo foi Mariângela Fialek, ex-assessora de Lira, atualmente lotada na liderança do PP da Câmara. Lira não é alvo da operação.

Tuca, como é conhecida entre os parlamentares, era apontada por deputados como quem operava a distribuição e liberação desses recursos no período em que Lira presidiu a Casa. De perfil técnico, recebia em sua sala parlamentares de todos os partidos e acompanhava algumas votações no plenário. Era considerada braço-direito do ex-presidente da Câmara.

Na avaliação de dois líderes ouvidos pela reportagem, chamou atenção o timing da operação, dois dias após a Câmara ter tentado cassar o mandato do psolista, sem sucesso — ele teve o mandato suspenso por seis meses.

 

Braga é desafeto de Lira e seu perfil combativo irritava parlamentares de partidos da esquerda à direita. Integrantes do Centrão dizem que havia um acordo entre Motta e Lira para que o atual chefe da Câmara desse andamento ao processo.

A sessão, na quarta, no entanto, teve uma reviravolta. Diante da falta de votos para conseguir cassar o mandato do psolista, o centrão teve de recuar e recalcular a rota para não impor uma derrota maior a Motta. Ao final, o plenário aprovou apenas a suspensão de seis meses do mandato do esquerdista, expondo o presidente da Casa.

A operação nesta sexta aumenta a tensão entre a Câmara e o Supremo, num momento em que parlamentares se queixam da atuação da Corte. Nesta seta, a cúpula da Casa criticou ainda o fato de ter ocorrido buscas e apreensões nas dependências da Casa --uma das ações ocorreu na sala onde a assessora trabalha. Essa não é a primeira vez que a PF faz ações desse tipo na Casa, contrariando os parlamentares.

Um aliado de Motta diz que, num primeiro momento, a informação que chegou para os parlamentares era de que haveria busca e apreensão na sala da presidência da Câmara, o que gerou ainda mais insatisfação no entorno de Motta. Isso não ocorreu, no entanto.

Segundo um deputado com trânsito entre diferentes bancadas, há um receio entre os parlamentares com a operação desta sexta justamente pela importância que Tuca tem na divisão desses recursos. Apesar disso, esse parlamentar afirma enxergar excessos ao mirar a assessora, justamente por ela ser técnica.

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