Lula acena a evangélicos e afirma que não se deve usar a religião para dividir a sociedade
Petista criticou o uso da igreja como palanque por políticos e disse que durante campanha eleitoral não irá a templos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não se deve usar a religião para dividir a sociedade durante entrevista a um programa de rádio evangélico exibida nessa sexta-feira (19).
A participação representa mais uma movimentação do petista de aceno a este público.
Lula disse que tenta "juntar todo o povo brasileiro, respeitando todas as religiões, e conversar com as pessoas sobre políticas públicas que o Estado brasileiro tem que fazer".
Leia também
• Sabino confirma a Lula que deixará Ministério do Turismo
• Chanceler de Lula afirma que Mercosul "está pronto" para assinar acordo com União Europeia
• Lula diz que voltou a ser candidato porque tem 'compromisso de fé de ajudar o povo pobre'
O petista também criticou o uso da igreja como palanque por políticos e disse que durante campanha eleitoral não irá a templos, seja evangélicos ou católicos. Lula disse ainda que "Deus está em todo lugar" e que sabe quem fala a verdade e quem mente:
"De vez em quando fico sabendo dessas mentiras, que algum pastor falou tal coisa, falou que o Lula fechou igreja, a minha crença é que Deus está em todo lugar. Deus está vendo quem está mentindo e quem está falando a verdade. E eu espero que a sabedoria de Deus passe na cabeça dessas pessoas. Para fazer as pessoas entenderem corretamente quem está falando a verdade, quem está mentindo", afirmou Lula em entrevista ao podcast Papo de Crente, que pertence a um canal evangélico mais alinhado à agenda do petista.
Um dos vídeos mais populares do canal tem como título "Coalizão de evangélicos contra Bolsonaro". O petista enfrenta dificuldade em conquistar o eleitorado evangélico, que votou majoritariamente em Bolsonaro em 2022.
Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta semana mostra que o governo Lula é desaprovado por 51% dos brasileiros e aprovado por 46% — resultado estável na comparação com o levantamento de agosto.
Entre evangélicos, o petista segue mais desaprovado do que aprovado: 61% e 35%. A diferença de 26 pontos percentuais, porém, é a menor entre os indicadores no ano. No ápice, em julho, a distância chegou a 41 pontos.
Crítica a parlamentares
Durante a mesma entrevista, Lula disse que "a maioria dos deputados" não tem compromisso com os trabalhadores. A fala do petista ocorre no momento em que o governo tenta avançar na Câmara dos Deputados com projeto que isenta de Imposto de Renda pessoas que recebem até R$ 5 mil.
A avaliação da equipe econômica é que a discussão do projeto está travada por causa do clima difícil no Parlamento.
"A maioria dos deputados não são trabalhadores, não tem compromisso com os trabalhadores. São gente de classe média alta que pouco tá ligando para o povo", disse Lula em entrevista ao podcast Papo de Crente, voltado ao público evangélico.
A crítica de Lula aos integrantes da Câmara dos Deputados foi feita na semana que a Casa aprovou a PEC da Blindagem, texto que exige o aval do Legislativo para que parlamentares sejam processados na Justiça, e a urgência do projeto da anistia aos envolvidos nos ataques do 8 de janeiro. Lula é contra os dois projetos.

