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SENADO

Lula usa indicação ao STJ para reforçar grupo de Calheiros, mas abre caminho para Lira no Senado

Acordo passa por compromisso de JHC não concorrer com Lira na disputa pelo Senado e de apoio ao MDB em Alagoas

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante pronunciamento ao final do BricsPresidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante pronunciamento ao final do Brics - Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmam que o acordo que selou a indicação de Maria Marluce Caldas para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ) passou por um cálculo eleitoral que beneficia grupos adversários em Alagoas, os do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP) e do senador Renan Calheiros (MDB-AL). 

A ideia é que o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), conhecido como JHC e sobrinho de Marluce, fique no cargo até o fim do mandato e não dispute as eleições do ano que vem, o que pode servir para acomodar os planos eleitorais dos adversários. 

A previsão é que o nome de Marluce para o STJ seja oficializado ainda hoje no Diário Oficial da União. A indicação ainda vai precisar passar por votações no Senado.

A escolha para o STJ ocorre em meio a uma queda de braço entre os grupos de Lira e Renan. Com a aproximação do prefeito com o governo federal, o MDB buscava atrai-lo para concorrer a senador em uma chapa que também contaria com o ministro dos Transportes, Renan Filho, como candidato a governador, e com o seu pai, o senador Renan Calheiros, como candidato à reeleição.

São duas vagas ao Senado em disputa no ano que vem, mas essa configuração dificultaria os planos de Lira, que teria que concorrer com dois nomes fortes para o Senado. Inicialmente, o desejo do deputado do PP era concorrer a senador e ter JHC como candidato a governador.

Integrantes do MDB avaliam ainda que, após a escolha de sua tia para o STJ, JHC sairá do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e fará parte da base do governo Lula. Há uma articulação para que ele se filie ao PSB, partido do qual ele já fazia parte até 2022, quando resolveu se filiar ao PL  e se tornou um dos principais nomes do Nordeste que apoia Bolsonaro.

A expectativa do grupo de Renan é que o prefeito não seja candidato e apoie a chapa do MDB, que concorrerá contra o grupo de Lira. Procurado, JHC não comentou.

A mãe de JHC é a senadora Eudócia Caldas (PL-AL), que assumiu a vaga na Casa Legislativa após a eleição de Rodrigo Cunha (Podemos) como vice-prefeito de Maceió na chapa do filho. Mesmo no PL, Eudócia evita se classificar como oposição ao presidente Lula.

Inicialmente havia um movimento para que o prefeito se filiasse ao PSD, mas houve discordâncias com o grupo que comanda a legenda no estado.

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