Sáb, 06 de Dezembro

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CRÍTICAS

Malafaia diz que prisão de Bolsonaro é "cortina de fumaça" para Banco Master

Para líder religioso, convocação de uma vigília não poderia ser usada como indício de risco de fuga do ex-presidente

O pastor Silas Malafaia O pastor Silas Malafaia  - Foto: X/Reprodução

O pastor Silas Malafaia criticou a prisão preventiva neste sábado do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e classificou o argumento apresentado na decisão como “conversa fiada”.

O líder religioso afirmou ao Globo ser absurdo considerar que Bolsonaro poderia fugir a qualquer momento e disse que a medida não passa de uma “cortina de fumaça” para o escândalo envolvendo o Banco Master.

— A prisão preventiva é uma cortina de fumaça do (ministro) Alexandre de Moraes para desviar a atenção do Banco Master, da roubalheira de R$ 12 bilhões, que tem um monte de gente grande envolvida. O despacho do motivo da prisão de Bolsonaro nem fala de tornozeleira. É um despacho sobre uma manifestação do Flávio, uma vigília de oração. Onde está na Constituição que é proibido convocar uma manifestação pacífica? — afirmou o pastor, classificando a decisão como “covardia”.

O escândalo do Master levou à prisão de Daniel Vorcaro, presidente da instituição, no início desta semana. De acordo com as informações coletadas pela Polícia Federal, o Master teria vendido carteiras de crédito falsas ao BRB.

A fraude é estimada em R$ 12,2 bilhões. Na prática, o banco brasiliense pagou por créditos pelos quais não receberia retorno.

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso preventivamente na manhã deste sábado. A decisão foi tomada porque Moraes considerou haver risco de fuga e avaliou que não existiam mais condições para manter a prisão domiciliar.

A medida cautelar não está relacionada à execução da condenação pela tentativa de golpe de Estado. Nesse caso, a decisão ainda não transitou em julgado, e ainda há prazo para apresentação de recursos.

Na decisão, Moraes afirma que a tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro foi violada pouco depois da meia-noite deste sábado. O despacho também cita uma vigília convocada para esta noite pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em frente ao condomínio onde o ex-presidente mora.

“O Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a esta Suprema Corte a ocorrência de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do réu Jair Messias Bolsonaro, às 0h08min do dia 22/11/2025.”

“A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”, escreveu Moraes.

O ministro também pontuou que, “embora a convocação de manifestantes esteja disfarçada de ‘vigília’”, a conduta remete ao mesmo “modus operandi da organização criminosa liderada pelo referido réu, no sentido da utilização de manifestações populares com o objetivo de conseguir vantagens pessoais”.

“O tumulto causado pela reunião ilícita de apoiadores do réu condenado tem alta possibilidade de colocar em risco a prisão domiciliar imposta e a efetividade das medidas cautelares, facilitando eventual tentativa de fuga”, afirmou.

Moraes determinou ainda que a ordem fosse cumprida “com todo respeito à dignidade” de Bolsonaro e “sem a utilização de algemas e sem qualquer exposição midiática”. Mais tarde, rejeitou o pedido da defesa para converter a prisão em domiciliar “humanitária”.

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