"Marina atrapalha desde o primeiro governo Lula", dispara Aldo Rebelo
Segundo o ex-ministro Aldo Rebelo, a queixa foi em função da postura refratária da titular da pasta de Meio Ambiente quanto à autorização para a exploração de petróleo e gás na foz do rio Amazonas
Ex-ministro e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (MDB-SP) fez duras críticas à sua ex-colega de Esplanada e atual ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede). A queixa foi em função da postura refratária dela quanto à autorização para a exploração de petróleo e gás na foz do rio Amazonas. Em entrevista ao podcast "Direto de Brasília", Aldo afirmou que ela “atrapalha desde o primeiro governo do presidente Lula (PT)”.
“O Brasil está parado, imobilizado, tendo todo esse petróleo e com o risco de redução da produção do pré-sal, que vai entrar em declínio, e o país pode sofrer um processo de insegurança energética. No mundo inteiro se explora petróleo, ouro, gás, potássio, e os recursos da Amazônia estão congelados. O Brasil não pode aceitar isso”, bradou Aldo Rebelo. “Ela diz que a Amazônia, que tem os piores indicadores sociais, altas taxas de analfabetismo e de doenças raras, é um paraíso. Só que ela não quis ficar no paraíso: abandonou a Amazônia atrás do conforto de São Paulo, fazendo o jogo das ONGs, convivendo com as madames da Faria Lima, as ricaças que a ajudam nas eleições, enquanto a população vive sem recurso algum”, atacou.
O ex-ministro, inclusive, sugeriu que o presidente Lula “não queria fazer Marina ministra novamente”. “Ele a mantém por causa dos acordos internacionais que permitiram a ele ganhar a eleição: o Partido Democrata, Macron (presidente da França) e os ambientalistas europeus. O Lula é muito pragmático. Ele diz que, se o preço que tem que pagar para ganhar eleição é engolir sapo, está tudo certo, não tem problema, porque ele sempre fez isso”, cutucou. Ele ainda acusou a ministra, juntamente com o Ibama, a Funai e o Ministério dos Povos Indígenas, de quererem “transformar a Amazônia num Jardim Botânico dos ricos”.
“Essas ONGs só protegem os seus próprios interesses. Elas ficam na Europa — em Barcelona, Paris, Londres, no máximo em São Paulo, aqui em Brasília ou no Rio de Janeiro —, e a população da Amazônia na pobreza, os índios na miséria. E eles, viajando de primeira classe e fazendo campanha internacional, pagam página inteira nos jornais do Sul do país para não deixar que a riqueza da Amazônia seja usada pela população. Isso não tem cabimento”, completou.
Aldo participa, nesta quarta-feira (22), do lançamento do programa Brasil Precisa Pensar no Brasil, iniciativa coordenada por ele, junto com o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Alceu Moreira, e o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi. O manifesto vem sendo comparado à Ponte para o Futuro, que resultou no rompimento da sigla com o PT, abrindo caminho para o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.
"O partido sempre encontra uma forma de convivência, foi assim desde sempre. Temos líderes favoráveis ao governo e líderes contrários. Hoje o partido tem três ministros — Simone Tebet, Renan Filho e Jader Filho —, tem também uma presença importante, que é de oposição ao governo, e uma parte que não é oposição nem situação acompanha ali. Eu fico do lado do MDB, porque o partido é muito heterogêneo. Claro que tenho muitas críticas ao governo, principalmente a este setor ambientalista, que para o país. Mas o MDB vai procurar um caminho para 2026”, revelou.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados ressaltou que o Congresso precisa melhorar o nível dos debates. "No meu tempo, havia muitas divergências, mas com muito respeito. O que eu vejo hoje é que não se consegue discutir cinco minutos no Congresso sem ameaça de agressão física, sem o nível do debate ser rebaixado até tornar-se quase insuportável. Eu acho que isso descredencia, não apenas a Câmara dos Deputados, mas o poder político”, analisou.
Como consequência desse “baixo nível”, Aldo apontou a postura do Supremo Tribunal Federal (STF) de “ultrapassar todos os limites”. “Ele faz isso porque vê a política perdendo credibilidade junto à população, já que não se discute em nível elevado, nem se tratam dos temas de interesse da população. É cada um com o celular querendo três minutos para publicar numa rede social. É preciso recuperar o trabalho das comissões, o debate, os temas. Hoje as pessoas não querem debater, querem uma promoção rápida, uma visibilidade nas redes sociais. Isso só reduz a autoridade da política e eleva a autoridade daqueles que disputam com a política o destino humano”, observou Aldo.
“Se a política renuncia a discutir o destino da sociedade, ela entrega a uma corporação, que é o Judiciário, principalmente ao STF, essa atribuição. E o Supremo não está preparado para isso, porque não é poder político, não está interessado em ouvir ninguém, em fazer audiência pública. São onze pessoas, que deveriam estar decidindo aquilo que é constitucional ou não. Mas o Supremo entrou na política e ganhou muita autoridade em função da perda de prestígio da própria política”, concluiu.

