Sáb, 20 de Dezembro

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Política

"Marina atrapalha desde o primeiro governo Lula", dispara Aldo Rebelo

Segundo o ex-ministro Aldo Rebelo, a queixa foi em função da postura refratária da titular da pasta de Meio Ambiente quanto à autorização para a exploração de petróleo e gás na foz do rio Amazonas

Críticas foram feitas por Rebelo (D), ontem, em entrevista ao podcast "Direto de Brasília" Críticas foram feitas por Rebelo (D), ontem, em entrevista ao podcast "Direto de Brasília"  - Foto: Reprodução: Youtube/FolhadePernambuco]

Ex-ministro e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (MDB-SP) fez duras críticas à sua ex-colega de Esplanada e atual ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede). A queixa foi em função da postura refratária dela quanto à autorização para a exploração de petróleo e gás na foz do rio Amazonas. Em entrevista ao podcast "Direto de Brasília", Aldo afirmou que ela “atrapalha desde o primeiro governo do presidente Lula (PT)”.

“O Brasil está parado, imobilizado, tendo todo esse petróleo e com o risco de redução da produção do pré-sal, que vai entrar em declínio, e o país pode sofrer um processo de insegurança energética. No mundo inteiro se explora petróleo, ouro, gás, potássio, e os recursos da Amazônia estão congelados. O Brasil não pode aceitar isso”, bradou Aldo Rebelo. “Ela diz que a Amazônia, que tem os piores indicadores sociais, altas taxas de analfabetismo e de doenças raras, é um paraíso. Só que ela não quis ficar no paraíso: abandonou a Amazônia atrás do conforto de São Paulo, fazendo o jogo das ONGs, convivendo com as madames da Faria Lima, as ricaças que a ajudam nas eleições, enquanto a população vive sem recurso algum”, atacou.

O ex-ministro, inclusive, sugeriu que o presidente Lula “não queria fazer Marina ministra novamente”. “Ele a mantém por causa dos acordos internacionais que permitiram a ele ganhar a eleição: o Partido Democrata, Macron (presidente da França) e os ambientalistas europeus. O Lula é muito pragmático. Ele diz que, se o preço que tem que pagar para ganhar eleição é engolir sapo, está tudo certo, não tem problema, porque ele sempre fez isso”, cutucou. Ele ainda acusou a ministra, juntamente com o Ibama, a Funai e o Ministério dos Povos Indígenas, de quererem “transformar a Amazônia num Jardim Botânico dos ricos”.

“Essas ONGs só protegem os seus próprios interesses. Elas ficam na Europa — em Barcelona, Paris, Londres, no máximo em São Paulo, aqui em Brasília ou no Rio de Janeiro —, e a população da Amazônia na pobreza, os índios na miséria. E eles, viajando de primeira classe e fazendo campanha internacional, pagam página inteira nos jornais do Sul do país para não deixar que a riqueza da Amazônia seja usada pela população. Isso não tem cabimento”, completou.

Aldo participa, nesta quarta-feira (22), do lançamento do programa Brasil Precisa Pensar no Brasil, iniciativa coordenada por ele, junto com o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Alceu Moreira, e o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi. O manifesto vem sendo comparado à Ponte para o Futuro, que resultou no rompimento da sigla com o PT, abrindo caminho para o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.

"O partido sempre encontra uma forma de convivência, foi assim desde sempre. Temos líderes favoráveis ao governo e líderes contrários. Hoje o partido tem três ministros — Simone Tebet, Renan Filho e Jader Filho —, tem também uma presença importante, que é de oposição ao governo, e uma parte que não é oposição nem situação acompanha ali. Eu fico do lado do MDB, porque o partido é muito heterogêneo. Claro que tenho muitas críticas ao governo, principalmente a este setor ambientalista, que para o país. Mas o MDB vai procurar um caminho para 2026”, revelou.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados ressaltou que o Congresso precisa melhorar o nível dos debates. "No meu tempo, havia muitas divergências, mas com muito respeito. O que eu vejo hoje é que não se consegue discutir cinco minutos no Congresso sem ameaça de agressão física, sem o nível do debate ser rebaixado até tornar-se quase insuportável. Eu acho que isso descredencia, não apenas a Câmara dos Deputados, mas o poder político”, analisou.

Como consequência desse “baixo nível”, Aldo apontou a postura do Supremo Tribunal Federal (STF) de “ultrapassar todos os limites”. “Ele faz isso porque vê a política perdendo credibilidade junto à população, já que não se discute em nível elevado, nem se tratam dos temas de interesse da população. É cada um com o celular querendo três minutos para publicar numa rede social. É preciso recuperar o trabalho das comissões, o debate, os temas. Hoje as pessoas não querem debater, querem uma promoção rápida, uma visibilidade nas redes sociais. Isso só reduz a autoridade da política e eleva a autoridade daqueles que disputam com a política o destino humano”, observou Aldo.

“Se a política renuncia a discutir o destino da sociedade, ela entrega a uma corporação, que é o Judiciário, principalmente ao STF, essa atribuição. E o Supremo não está preparado para isso, porque não é poder político, não está interessado em ouvir ninguém, em fazer audiência pública. São onze pessoas, que deveriam estar decidindo aquilo que é constitucional ou não. Mas o Supremo entrou na política e ganhou muita autoridade em função da perda de prestígio da própria política”, concluiu.

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