Ministro de Lula diz que Tarcísio largou São Paulo para "cuidar de Bolsonaro"
Declaração de Paulo Teixeira ocorreu após o governador visitar o ex-presidente, que cumpre prisão domiciliar em Brasília, na segunda-feira
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou nesta quarta-feira que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), “abandonou” o governo estadual para cuidar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no mês passado.
A declaração ocorreu após Tarcísio visitar o ex-mandatário, que cumpre prisão domiciliar em Brasília, na segunda-feira.
— Eu vejo o governo Tarcísio de Freitas. Vejo que é um governo que abandonou São Paulo e cuida do Bolsonaro. Veja: qual foi o principal evento da última segunda-feira aqui em Brasília? Foi a posse do presidente do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, e do vice-presidente, Alexandre de Moraes. Onde estava Tarcísio de Freitas? — afirmou Teixeira em entrevista a coluna Igor Gadelha, do Metrópoles.
O ministro afirma que “em vez de ir à posse, representando o estado de São Paulo, porque ali, digamos, era um compromisso institucional, ele foi visitar um condenado pelo Supremo Tribunal Federal”. Para Teixeira, Tarcísio “é um dos advogados dessa mobilização por um projeto de anistia”.
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O encontro de Tarcísio de Bolsonaro na segunda-feira foi o primeiro desde a condenação do ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão por participação na trama golpista. Após reunião, o governador disse que a proposta de redução de penas de envolvidos no 8 de janeiro e na trama golpista, costurada por líderes partidários no Congresso, não "satisfaz" Bolsonaro.
Questionado, Tarcísio disse que o tema específico da "anistia" não foi tratado no encontro, mas deixou claro o recado político.
— Não conversamos sobre isso (a anistia). Minha posição é de defesa da anistia, acredito na paz dialogada e já foi usada em outros momentos. Podemos citar a anistia de 1979, da recepção no texto constitucional, do artigo quinto que trata sobre anistia e indulto. (A redução de penas) não satisfaz o presidente — declarou.
A mensagem é a mesma que aliados do ex-presidente têm repetido: qualquer tentativa de acordo por uma “anistia parcial” ou um projeto de dosimetria ocorre à revelia da família Bolsonaro, que insiste na narrativa de perseguição judicial.
O almoço, acompanhado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e pelo vereador de Balneário Camboriú Jair Renan, foi apresentado como um gesto de amizade e solidariedade, mas acabou ganhando contornos políticos: críticas ao STF e reafirmação da aliança da direita para 2026.
— Sou candidato à reeleição em 2026, em São Paulo. Vim visitar um amigo, que foi importante na minha trajetória. O (ex-)presidente está passando por um momento difícil. É muito triste. A gente conversando e ele soluçando o tempo todo — disse, relatando as dificuldades de Bolsonaro, que ainda sofre as consequências de cirurgias e do atentado a faca de 2018.

