Na briga pelos R$ 30 bi, deputados temem exposição em plenário
Parlamentares estão cientes de que o tema é impopular
Ainda que realcem o entendimento prévio com o Executivo sobre o tema e que tenham resgastado declaração do deputado Eduardo Bolsonaro, afirmando que ele e seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, seriam favoráveis à PEC que tornou obrigatória a execução de emendas coletivas no Orçamento, deputados, ontem, nas coxias, ponderavam que o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, talvez, tivesse que "pensar duas vezes" antes de colocar em votação o veto 52 à lei orçamentária de 2020. Os parlamentares fazem a advertência em conversas reservadas por várias razões. Entre elas, não descartam o seguinte: é possível a Câmara Federal derrubar o veto e o Senado agir na contramão, mantendo.
Nos últimos dias, líderes se debruçaram em consultas aos parlamentares. Um deles, a um interlocutor, alertou: "Minha preocupação é porque vai expor todo mundo e não vai resolver". Estão atentos porque, a despeito de repisarem a tecla de que o governo estaria rompendo acordo, os deputados estão cientes de que a derrubada do veto é tema impopular. Está em jogo o controle de R$ 30 bilhões em emendas, que estariam sob a tutela do relator do Orçamento, Domingos Neto (PSD-CE). No fim de dezembro, o presidente Jair Bolsonaro vetou a proposta que conferia poder a deputados e senadores sobre a ordem em que seriam executadas as emendas parlamentares. E está prevista para hoje a sessão do Congresso Nacional para votar os vetos de Bolsonaro ao Orçamento impositivo. Via acordo construído entre Executivo e Legislativo, o veto seria derrubado, mas R$11 bilhões dos R$ 30 bilhões seriam devolvidos aos ministérios. A semana se torna decisiva à medida que bota em xeque a relação entre o governo e o Congresso e teve início, ontem, com uma série de reuniões, entre elas, uma convocada por Rodrigo Maia, com líderes e parlamentares. O detalhe é que, para parlamentares, não se trata mais de uma questão só do veto, mas "da reafirmação do parlamento".

