Prefeito de BH volta de missão em Israel, se emociona e critica Itamaraty
Álvaro Damião deixou a Arábia Saudita na madrugada de terça-feira e desembarcou no Brasil nesta quarta-feira; sua viagem internacional foi interrompida pelo conflito com o Irã
O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), desembarcou no Brasil nesta quarta-feira (18), após ter sua missão oficial a Israel interrompida pela escalada do conflito entre o país e o Irã.
Ao chegar, visivelmente emocionado, ele criticou o Ministério das Relações Exteriores pela condução da crise envolvendo brasileiros no exterior.
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— Não recebi uma ligação deles. Recebi ligação da Gleisi, do Rodrigo [Pacheco], do [Carlos] Viana… Ao Itamaraty, deixo um conselho: resolvam rápido a situação dos brasileiros que ainda estão lá. Façam seu trabalho. Apenas isso — afirmou o prefeito, ao desembarcar.
A fala expõe o desconforto gerado por uma nota oficial do Itamaraty, divulgada no último fim de semana, que afirmou que a viagem da comitiva brasileira ocorreu “em desacordo com as recomendações consulares”. A avaliação irritou membros da delegação, que viram na manifestação um esforço para responsabilizá-los pela permanência em Israel durante o agravamento da crise.
Damião rebateu críticas sobre suposta imprudência e defendeu o caráter institucional da viagem. Segundo ele, a missão tinha como objetivo conhecer experiências em segurança pública, tecnologia e gestão urbana.
— Ninguém foi a passeio. Se soubéssemos da guerra, não teríamos ido.
A viagem começou dias antes do ataque inédito do Irã ao território israelense, ocorrido no fim de semana, e que elevou o nível de tensão na região. Com o aumento do risco, a comitiva brasileira começou a buscar rotas alternativas para deixar o país.
Damião conseguiu embarcar de Tel Aviv para a Arábia Saudita na madrugada de terça-feira (17), em um voo fretado pelo deputado federal Mersinho Lucena (PP-PB). O parlamentar é filho do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), que também integrava o grupo.
A missão incluía 41 pessoas, entre prefeitos, secretários e o governador de Rondônia, Marcos Rocha. Além de Belo Horizonte e João Pessoa, participaram representantes de cidades como Nova Fruburgo (RJ), Goiânia .GO) e Divinópolis (MG). Os compromissos incluíam visitas a centros de tecnologia, reuniões sobre políticas de segurança e encontros com autoridades locais.
Com a eclosão do conflito, a agenda foi cancelada. O grupo precisou reorganizar a logística para sair de Israel de forma segura, diante da incerteza sobre novos ataques.
Em meio à operação de evacuação, o posicionamento do Itamaraty gerou críticas no Congresso. Parlamentares do grupo Brasil-Israel afirmaram que a postura poderia colocar as autoridades em risco.

