Pressionado por tarifaço de Trump, Tarcísio procura ministros do STF e amplia movimentos para tentar
Governador de São Paulo tornou-se alvo de ataques de Lula e membros do governo federal
Governador do estado mais afetado pelo tarifaço anunciado pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, procurou ao menos dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para consultá-los sobre a possibilidade de a Corte autorizar uma viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro para negociar com Donald Trump.
A iniciativa fez parte dos movimentos feitos pelo governador para tentar reverter a medida. Nesta sexta-feira, ele também se reuniu com o encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília e almoçou com o ex-presidente.
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Um magistrado ouvido pelo Globo em caráter reservado classificou a ideia de autorizar Bolsonaro a viajar para falar com Trump como "maluquice". Procurado por meio de sua assessoria, Tarcísio não se manifestou.
Réu por tentativa de golpe de estado, Bolsonaro teve seu passaporte apreendido desde o ano passado e está impedido de deixar o país. A ação penal na Corte foi apontada por Trump como uma das razões para impor uma taxa de 50% para produtos importados do Brasil. Em carta endereçada ao governo brasileiro, o presidente dos EUA tratou o julgamento como "caça às bruxas".
Diferentemente do ex-presidente, seu padrinho político, Tarcísio mantém boa relação com os magistrados da Corte, em especial com o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal da trama golpista.
Na carta em que anunciou as tarifas, endereçada a Lula, Trump criticou diretamente decisões do STF. Além da ação penal em que Bolsonaro é réu, por tentativa de golpe de Estado, também reclamou de ordens que afetaram redes sociais americanas.
A atuação de Tarcísio ocorre no momento em que ele se tornou alvo de críticas de membros do governo federal, inclusive do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por ter usado um boné com o mote de campanha de Trump. Inicialmente, após o anúncio das tarifas, o governador afirmou que a responsabilidade era de Lula. Depois, ajustou o discurso e disse que "o tarifaço é deletério".
Nesta sexta, Tarcísio reuniu-se com Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada. O governador afirmou que os dois conversaram "sobre as consequências da tarifa para a indústria e agro brasileiro e também o reflexo disso para as empresas americanas" e disse que buscará "diálogo com as empresas paulistas, lastreado em dados e argumentos consolidados, para buscar soluções efetivas".
Após o encontro com o americano, o governador de São Paulo almoçou com Bolsonaro em um restaurante de Brasília, como mostrou a colunista Bela Megale. Auxiliares de Tarcísio afirmaram que o tema do almoço foram as negociações sobre o tarifaço de Trump.

