Relação com o governo teve "altos e baixos" espero superar "divergências" em 2026, diz Motta
Na avaliação do parlamentar, a relação com o Palácio do Planalto termina o ano "estabilizada"
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que espera, em 2026, manter o diálogo e superar divergências que ocorreram com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste ano. Na avaliação do parlamentar, a relação com o Palácio do Planalto termina o ano "estabilizada" e que lutará pela harmonia entre os Três Poderes.
"Essa questão da relação com o governo, como todas as relações das nossas vidas, você tem altos e baixos. E isso é muito natural, porque cada Poder tem a sua independência, cada Poder tem a sua maneira de agir, tem a sua dinâmica interna", afirmou.
"A relação, na minha avaliação, termina o ano estabilizada, termina o ano com uma perspectiva de que entremos em 2026 conversando mais, dialogando mais e superando as divergências que aconteceram aí ao longo do ano."
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A votação do projeto de lei antifacção na Câmara é um exemplo recente da relação de Motta com governo. O deputado chegou a romper relações com o líder do PT na Casa Legislativa, Lindbergh Farias (RJ).
Ainda na semana passada, Motta teve um novo atrito com o governo ao anunciar a votação do "PL da Dosimetria". Líderes de bancadas disseram ao Estadão/Broadcast, Sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que não sabiam com antecedência da decisão de Motta de pautar o projeto naquela terça-feira.
"Não está escrito na Constituição que um Poder tem que concordar com o outro em 100% dos pontos", disse Motta. "Eu tenho uma relação de profundo respeito, diálogo com o presidente Lula. Nós temos conversado muito, como disse aqui, existem as discordâncias, mas esse respeito não se perdeu mesmo quando existiu essa divergência", afirmou.
Motta fala de boa relação com Alcolumbre e com o STF
Motta também comentou sobre a relação com o outro Poder da República, o Judiciário, e com o Senado. Sobre a outra Casa Legislativa, Motta disse que nunca viu, durante os seus quatro mandatos, uma relação tão boa entre Câmara e Senado.
"Quero registrar que eu não me recordo desses quatro mandatos que eu estou aqui, como deputado federal, o momento em que a Câmara e o Senado tiveram uma relação tão boa entre os seus presidentes. Nós temos conversado muito, o Davi (Alcolumbre, presidente do Senado) com a realidade do Senado, mas sempre conversando", afirmou.
Houve rusgas entre as duas Casas durante esses dois anos, porém. Em setembro, a Câmara aprovou a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que dificultava a responsabilização criminal de parlamentares. O texto acabou arquivado no Senado, para protestos de deputados, que alegaram quebra de acordo.
Motta falou que é preciso lutar pela harmonia entre os Poderes. Sobre o STF, Motta avalia que a Corte teve "atuação responsável" e que manteve diálogo constante durante todo o ano.
Ele comentou a operação da operação da Polícia Federal contra os parlamentares Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ) deflagrada nesta sexta-feira, 19. Ele afirmou que o STF exerceu "seu papel de investigar" e que vai monitorar para evitar "exageros" do Poder Judiciário.
Motta defende emendas e assessora alvo de investigação da Polícia Federal
Também foi alvo de operação da PF Mariângela Fialek, conhecida como Tuca. A PF fez busca e apreensão no gabinete em que ela trabalhava na Câmara na última sexta-feira, 12. Investigações apontam que ela atua como uma espécie de "gerente" do orçamento secreto.
Motta novamente defendeu a funcionária da Câmara. "Ela apenas compila dados, nós temos cumprido essencialmente a lei que nós pactuamos com o Supremo Tribunal Federal e com o Poder Executivo a respeito da execução das normas de comissão", afirmou. "Todos os líderes sabem que ela faz ali um trabalho técnico de compilar os dados, as indicações e acompanhar junto às comissões no cumprimento dessa lei."
Ele também defendeu as emendas parlamentares. Para ele, apenas uma pequena porção dos parlamentares faz mau uso do recurso. "Eu tenho também a plena certeza que a larga maioria dos representantes que estão na Câmara dos Deputados trabalham corretamente", disse. 'As emendas têm um papel social importante, elas levam desenvolvimento para as regiões mais carentes do País."

