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VAGA NO STF

Sabatina a Messias: cancelamento dá respiro ao governo para reorganizar relações no Senado

Davi Alcolumbre, presidente do Senado, decidiu adiar sabatina de Jorge MessiasDavi Alcolumbre, presidente do Senado, decidiu adiar sabatina de Jorge Messias - Foto: Carlos Moura/Agência Senado

A decisão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), de cancelar a sabatina de Jorge Messias, indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), deu tempo ao Palácio do Planalto para tentar reorganizar sua relação com a Casa, segundo governistas. 

A inquirição do indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava marcada para o dia 10 de dezembro, mas foi postergada porque o Executivo segurou o envio de mensagem presidencial com o nome do advogado-geral da União. 

Sem o documento, a Casa não pode sabatinar, aprovar ou rejeitar o nome ao STF. 

O líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), avaliou que o novo cenário reduz tensões e reabre canais de conversa:

— Quanto mais tempo houver até a sabatina, mais espaço se abre para diálogo e construção de consensos entre os senadores — disse o parlamentar: — Se a mensagem não chegou, não tinha como manter a sabatina. A política é cíclica. Ninguém fica brigado a vida inteira.

O anúncio do adiamento ocorreu enquanto Messias estava no gabinete do senador Omar Aziz (PSD-AM), aliado do governo. Segundo Aziz, o AGU acompanhou em silêncio a leitura que mudaria o rumo da articulação:

— Messias veio aqui, apresentou o currículo dele. E, enquanto ele estava aqui comigo, o presidente Davi Alcolumbre acabou de anunciar que a data não seria mais aquela; que ia esperar.

Ele contou que a decisão já havia sido comunicada reservadamente pelo presidente do Senado

— O adiamento dá a ele mais tempo para conversar com todos os senadores. A gente ficou de voltar a conversar depois. A mensagem ainda não chegou, então agora ele tem tempo para fazer essas conversas.

Ao presenciar a leitura ao lado de Messias, Aziz relatou que o indicado não reagiu, ficando  "quieto" e sem "falar nada".

Minutos após o anúncio, Jaques Wagner se reuniu a portas fechadas com o relator da indicação, senador Weverton Rocha (PDT-MA). 

A ausência da mensagem presidencial — segurada pelo Planalto na tentativa de ganhar votos —  poderia gerar questionamentos regimentais caso a sabatina fosse realizada.

Para aliados, a decisão funcionou como um “freio técnico” com efeito político: reduziu o risco de derrota e deu ao governo a chance de reconstruir diálogo. Persistem, porém, resistências na Casa, especialmente entre senadores que preferiam o nome do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), preterido por Lula.

Messias segue em maratona de visitas. Nesta quarta-feira, reuniu-se com Mecias de Jesus (Republicanos-RR), Oriovisto Guimarães (PSDB-PR) e o próprio Omar Aziz. Um encontro com senadores do PL e do Novo foi suspenso e só deve ocorrer após o envio da mensagem formalizando a indicação.

Com o novo calendário, o Planalto ganha dias decisivos para tentar consolidar votos e evitar que a indicação entre na CCJ sob risco de revés.

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