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'Serão trazidos à força pela polícia': CPI dos Pancadões entra em nova fase

Após meses de ausências e embates, vereadores decidem recorrer à Justiça para obrigar funkeiros a depor sobre bailes; MC Ryan presta depoimento nesta quinta-feira

Baile funk em Paraisópolis Baile funk em Paraisópolis  - Foto: Arquivo Pessoal

A CPI dos Pancadões, criada na Câmara Municipal de São Paulo para investigar o impacto dos bailes de rua na cidade, passou seus primeiros meses enfrentando a ausência dos principais nomes convocados para prestar esclarecimentos ao colegiado. Agora, em sua “segunda fase”, o grupo — que teve o funcionamento prorrogado — pretende apostar nas conduções coercitivas, começando com o depoimento, nesta quinta-feira, do funkeiro MC Ryan SP.

Outros artistas, como Doroth Helena de Sousa Alves (conhecida como MC Pipokinha), Fábio Gabriel Araújo (o Salvador da Rima), Samuel Sant’Anna da Costa (Gato Preto) e Gilliard Santos, filho da advogada Deolane Bezerra, já haviam sido convidados, mas optaram por não comparecer ao Palácio Anchieta para enfrentar o escrutínio dos parlamentares.

— Naturalmente, a malandragem de pessoas intimadas a fugir do depoimento atrasa a conclusão da CPI. Felizmente obtivemos a condução coercitiva na Justiça, e esses elementos serão trazidos, mesmo que à força, pela polícia — afirmou o presidente do colegiado, Rubinho Nunes (União Brasil).

A avaliação é compartilhada pelo relator do grupo, vereador Lucas Pavanato (PL), que, apesar de citar “avanços significativos no relatório”, considera que as ausências têm atrasado o andamento das investigações.

— Com a medida de condução coercitiva, acreditamos que o processo deverá avançar com mais rapidez — disse.

Na oposição, a vereadora Amanda Paschoal (PSOL) classifica a medida como desperdício de dinheiro público e de recursos de segurança. Segundo ela, com a CPI prorrogada até o ano que vem, os aliados do governo usarão o destaque da comissão — que agora também apura possíveis ligações entre adegas, distribuidoras e a contaminação de bebidas com metanol — como vitrine eleitoral.

— É o cúmulo da falta de respeito com o dinheiro público destacar agentes de segurança para conduzir pessoas que nada têm a ver com a construção do que chamam de defesa da CPI contra festas clandestinas e a perturbação do sossego. Vão gerar deslocamentos e custos adicionais num processo já prorrogado por mais 120 dias — criticou.

Um dos momentos mais tensos da comissão ocorreu quando o professor e influenciador digital Thiago Torres, conhecido como Chavoso da USP, foi ameaçado de prisão pelo presidente da CPI. O embate começou após Torres afirmar que o crime organizado está presente em todas as esferas da sociedade, inclusive na Câmara de São Paulo. Imediatamente, Nunes exigiu que o professor apontasse os parlamentares envolvidos, mas Torres preferiu permanecer em silêncio.

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