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ELEIÇÕES 2026

Sucessão embolada no PR e 'fator Tarcísio' colocam dúvidas sobre Ratinho Jr. como presidenciável

Governador ainda não conseguiu viabilizar apoio de partidos aliados ao nome de sua preferência no estado

Governador do Paraná, Ratinho JrGovernador do Paraná, Ratinho Jr - Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Pré-candidato à Presidência pelo PSD, o governador do Paraná, Ratinho Jr., vem sendo aconselhado a recuar da disputa nacional e priorizar a solução de impasses na escolha de seu candidato à sucessão no estado. Aliados do governador, em caráter reservado, e lideranças de partidos de oposição ouvidos pelo GLOBO já trabalham com um cenário em que Ratinho siga no governo estadual para fazer valer sua preferência, de indicar o secretário de Cidades, Guto Silva (PSD), como sucessor.

Pesa também contra a movimentação nacional de Ratinho a possibilidade de o PSD apoiar uma chapa presidencial com Tarcísio de Freitas (Republicanos), que voltou a ganhar força em meio à votação do PL da Dosimetria no Congresso Nacional. Caciques do PSD ouvidos pelo GLOBO avaliam que a aprovação do projeto pode levar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) a recuar de sua candidatura ao Planalto, o que recolocaria Tarcísio na disputa.

Reservadamente, uma liderança da base de Ratinho afirmou ao Globo que o governador do Paraná deseja tentar a Presidência, mas também avalia não participar das eleições de 2026 e concluir seu mandato no estado.

A hesitação ocorre porque Ratinho ainda não conseguiu viabilizar o apoio de partidos da sua base à candidatura de Guto Silva.

Outros nomes do PSD, como o presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Curi, e o ex-prefeito de Curitiba, Rafael Greca, se movimentam para ser os escolhidos de Ratinho. Partidos como Republicanos e PP vêm sinalizando apoio para que Greca e Curi ocupem espaços na chapa governista. Esses partidos resistem a apoiar Guto Silva, o preferido de Ratinho, e tentam ter mais peso na sucessão do governador.

"Todos querem ser o candidato do Ratinho e estão aguardando a decisão dele. O PP também pode abrir as portas para o Greca ou o Curi serem candidatos a algo", diz o deputado federal Ricardo Barros, presidente do diretório estadual do PP.

Candidato ao governo na oposição a Ratinho, o deputado estadual Requião Filho (PDT), que já firmou uma aliança com PT e PSOL, avalia que pode haver uma pulverização de candidaturas no campo governista. Além de Greca e Curi, outro aliado do governador que se movimenta para concorrer é o vice-prefeito de Curitiba, Paulo Martins, que trocou o PL pelo Novo para ser candidato.

Outras lideranças partidárias no Paraná avaliam que Ratinho agirá para enxugar esse número de candidaturas, de olho em evitar brechas para um segundo turno polarizado entre esquerda, representada por Requião Filho, e direita, que tem o senador Sergio Moro (União-PR) como nome que mais pontua nas pesquisas:

"Acredito que Ratinho ficará até o fim do mandato, para tentar viabilizar um candidato (Guto) que hoje não tem viabilidade", afirmou o deputado do PDT.

Lideranças do PSD afirmam, em caráter reservado, que Guto Silva tende a crescer na corrida ao governo depois que Ratinho “pegar na mão” de sua candidatura. O governador avalia o melhor momento de se manifestar de forma explícita a favor do aliado, para não desagradar Greca, Curi e outros partidos da base.

Uma eventual candidatura presidencial, no entanto, faria com que Ratinho renunciasse ao governo até abril do ano que vem e viajasse mais para fora do Paraná, o que dificulta sua participação direta na campanha estadual. Interlocutores do governador minimizam o impacto desse afastamento do estado, mas admitem que ainda há indefinição sobre a candidatura presidencial.

Isso porque, segundo esses aliados, as chances de Ratinho concorrer à Presidência diminuem caso o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também seja candidato. Tarcísio é próximo ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, que já admitiu apoiá-lo em uma corrida ao Planalto.

Por outro lado, caso Flávio Bolsonaro mantenha sua candidatura, a avaliação de interlocutores é que Tarcísio tende a se retirar da disputa, enquanto Ratinho não teria problema de ainda assim se colocar como candidato.

"Flávio Bolsonaro representa um segmento importante do eleitorado e o PL é um partido grande. Tem todo o direito de ter essa candidatura formada. É importante ter vários quadros debatendo o Brasil. Meu partido também tem essa pretensão de apresentar um nome", afirmou Ratinho na segunda-feira, sem garantir a si mesmo na disputa.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada na semana passada, em um cenário sem Tarcísio e com Flávio Bolsonaro na disputa presidencial, Ratinho aparece com 12% das intenções de voto, enquanto o senador do PL marca 18%. O governador do Paraná pontua mais do que colegas de outros estados que também querem se candidatar, como Ronaldo Caiado (União), de Goiás, que aparece com 7%, e Romeu Zema (Novo), de Minas, que soma 6%. Nesse cenário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera com 41%.

Em um hipotético segundo turno contra Lula, ainda de acordo com o Datafolha, Ratinho marca 41%, contra 47% do atual presidente. O desempenho é similar ao de Tarcísio, que tem 42%, e fica numericamente acima ao de familiares de Bolsonaro testados na disputa. Os números vêm levando o PSD a incentivar o governador a ser candidato.

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