Trump promete envolver Ucrânia em negociações e não se deixar intimidar por Putin
Putin voa para o Alasca na sexta em sua primeira visita a um país ocidental desde que ordenou a invasão da Ucrânia em 2022
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (14) que não se deixará intimidar pelo chefe do Kremlin, Vladimir Putin, em sua cúpula de sexta-feira no Alasca, e prometeu envolver a Ucrânia em futuras negociações de paz.
Putin voa para o Alasca na sexta em sua primeira visita a um país ocidental desde que ordenou a invasão da Ucrânia em 2022, o que desencadeou uma guerra que já custou dezenas de milhares de vidas.
"Sou o presidente, e ele não vai brincar comigo", declarou Trump a jornalistas na Casa Branca. "Saberei nos primeiros dois, três, quatro ou cinco minutos (...) se vamos ter uma reunião boa ou ruim", acrescentou.
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"Se for uma reunião ruim, terminará muito rápido, e se for uma boa reunião, vamos acabar alcançando a paz em um futuro bastante próximo", assegurou o republicano, que calcula que a cúpula tem uma probabilidade de "25%" de fracassar.
Kiev e seus aliados europeus temem que Trump e Putin comecem a redesenhar o mapa da Ucrânia na sexta-feira sem a aprovação do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
"A segunda reunião será muito, muito importante, porque será um encontro onde será alcançado um acordo. E não quero usar a palavra ‘repartir’ as coisas. Mas, vocês sabem, até certo ponto, não é um termo ruim" porque serão discutidas "fronteiras e territórios", disse Trump.
Nesta quinta, Putin elogiou os "esforços" dos Estados Unidos "para pôr fim às hostilidades, resolver a crise e alcançar acordos que satisfaçam todas as partes envolvidas".
"Esperemos que algo bom saia da reunião", afirmou à AFP Zori Opanasevich, uma ucraniana residente em Anchorage cuja família migrou para os Estados Unidos na década de 1990.
"Garantias de segurança"
O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, considera primordial abordar as "garantias de segurança" para encerrar a guerra, a mais mortífera na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
O presidente da Ucrânia não foi convidado para o que o Kremlin descreveu como um encontro "cara a cara" entre Putin e Trump.
Zelensky foi recebido nesta quinta-feira em Londres pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. Os líderes europeus tentam influenciar o imprevisível Trump.
A conversa na base aérea de Elmendorf-Richardson, na sexta-feira, será realizada com intérpretes, informou o assessor diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov.
"A agenda se concentrará principalmente na resolução da crise ucraniana", acrescentou Ushakov. Ele mencionou também a "cooperação bilateral".
A reunião está prevista para começar por volta das 19h30 GMT (16h30 no horário de Brasília), segundo o Kremlin.
Em seguida, os presidentes darão uma coletiva de imprensa conjunta, a primeira desde 2018 em Helsinque durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), quando os dois demonstraram uma boa relação.
Pressão militar
No terreno, a pressão aumenta sobre as tropas de Kiev, que enfrentaram um rápido avanço do Exército russo na frente de batalha na região leste de Donetsk, onde o Kremlin reivindicou a conquista de duas localidades nesta quinta.
Dezenas de drones disparados pela Ucrânia durante a noite de quarta-feira causaram um incêndio em uma refinaria e deixaram três feridos perto da cidade de Volgogrado, no sul da Rússia, segundo autoridades locais.
As posições oficiais dos dois lados no conflito seguem irreconciliáveis.
A Rússia exige que a Ucrânia ceda quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que renuncie ao fornecimento de armas ocidentais e ao projeto de adesão à Otan.
Para Kiev, as exigências são inaceitáveis.
Durante três rodadas de negociações, a última delas em Istambul, em julho, russos e ucranianos só conseguiram concordar sobre a troca de prisioneiros de guerra.
Nesta sexta, a Rússia anunciou ter trocado 84 prisioneiros de guerra ucranianos pelo mesmo número de russos.

