TSE avalia formar lista tríplice exclusivamente só com mulheres para nova vaga
Proposta de Cármen Lúcia é para que Corte tenha pelo menos uma mulher nas eleições de 2026, mas ainda precisa ser aprovada
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve passar em breve por uma mudança em sua composição de ministros titulares. Esta semana, a presidente da Corte, a ministra Cármen Lúcia, deve levar para votação no Supremo Tribunal Federal (STF) duas listas com três nomes cada uma para ocupar as vagas destinadas à advocacia. Uma delas deve ter exclusivamente nomes de mulheres, de acordo com integrantes do tribunal.
Interlocutores do TSE e do STF ouvidos pelo Globo afirmam que a ideia por trás da iniciativa de Cármen Lúcia é fazer com que nas eleições de 2026 a bancada do tribunal conte com ao menos uma mulher. Isso porque não só ela deixará o tribunal às vésperas do pleito — seu mandato termina em agosto de 2026 — como a outra ministra integrante da Corte eleitoral atualmente, Isabel Gallotti, também terá concluído seu mandato na ocasião. Gallotti ocupa uma cadeira destinada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
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Ao escolher fazer duas listas tríplices e não uma lista sêxtupla, e uma delas contendo nomes apenas de mulheres, a presidente do TSE também envia um sinal ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável por bater martelo na nomeação dos ministros.
O TSE é composto de sete ministros titulares. Deste total, há três provenientes do STF, dois do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e dois juristas advindos da advocacia.
O modelo de escolha dos titulares egressos da advocacia ocorre em duas etapas: primeiro, o STF vota a lista com três candidatos. Os nomes são enviados ao Palácio do Planalto, e o chefe do Executivo escolhe quem irá nomear. Com sua iniciativa, Cármen Lúcia indica ao presidente que um dos nomes escolhidos deveria ser uma mulher. O indicado não passa por sabatina no Senado Federal.
Duas cadeiras
A dança das cadeiras ocorre em virtude do fim dos mandatos dos ministros André Ramos Tavares e Floriano de Azevedo Marques, ambos representantes da advocacia escolhidos há dois anos, durante a gestão de Alexandre de Moraes.
A ideia é que uma das listas contenha os nomes de Floriano e Ramos Tavares, que podem renovar seus mandatos por mais dois anos.
A tradição no TSE é que os ministros sejam reconduzidos, e são raros os casos em que essa renovação não acontece. Por isso, a proposta de Cármen Lúcia tem enfrentado resistências dentro do Supremo, onde as listas com os nomes dos futuros ministros são apreciadas.
Para alguns ministros, Ramos Tavares e Floriano vêm fazendo um bom trabalho e deveriam ser reconduzidos. Porém, a ministra vem atuando nos bastidores para aparar essas arestas até a próxima quarta-feira, quando as listas serão votadas.
A necessidade de ampliar a presença de mulheres em tribunais é uma cobrança constante de Cármen Lúcia. Em um evento no TSE em março, a ministra destacou que mulheres são mais da metade da população brasileira, e mais da metade do eleitorado.
— Parece que as instituições ainda não se deram conta de que a mulher importa, importa para a sua existência, importa para a existência dos outros, importa para que a gente tenha uma democracia verdadeira — disse a magistrada.
Baixa presença
Hoje, além de Cármen Lúcia, Isabel Gallotti, Floriano de Azevedo Marques e André Ramos Tavares, o tribunal conta com os ministros Nunes Marques, que presidirá a Corte nas eleições, André Mendonça e Antônio Carlos Ferreira.
Além de Cármen Lúcia e Gallotti na composição titular, a Corte Eleitoral tem ainda Vera Lúcia Santana Araújo e Edilene Lôbo no time substituto. Elas só participam de julgamentos, contudo, em caso de impedimento ou ausência dos colegas titulares.
No STF, Cármen é a única ministra entre 11. No STJ, são cinco ministras entre 33. No Superior Tribunal Militar (STM), há uma única mulher, a ministra Maria Elizabeth Rocha, presidente da Corte.

