Sáb, 06 de Dezembro

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JAIR BOLSONARO

Visita, soluços e choro: a primeira semana de Bolsonaro na prisão domiciliar

O ex-presidente Jair Bolsonaro segue sem receber a visita de figuras centrais do PL

O ex-presidente do Brasil (2019-2022) Jair Bolsonaro O ex-presidente do Brasil (2019-2022) Jair Bolsonaro  - Foto: Sergio Lima/AFP

Há uma semana em prisão domiciliar, o ex-presidente Jair Bolsonaro manteve nesse período uma agenda de encontros políticos, recebeu familiares e, por conta de problemas de saúde, também recebeu médicos.

Segundo os relatos quem se reuniu com ele, o ex-presidente apresentou oscilações de humor e chegou a ter crises de soluço, decorrentes de uma esofagite provocada pelo procedimento realizado no abdômen, em abril.

Ele voltou a se sentir bem no fim de semana, quando recebeu familiares para comemorar o Dia dos Pais na casa onde mora, em Brasília.

Entre os que estiveram com o ex-presidente estão dois dos quatro filhos políticos: o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador de Balneário Camboriú Jair Renan Bolsonaro (PL-SC).

Além disso, recebeu ainda a visita do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, apontado como seu sucessor nas urnas, e do senador Ciro Nogueira, presidente do PP.

Pessoas que estiveram com o ex-presidente disseram que ele chegou a chorar ao comentar a impossibilidade de manter contato com o seu filho 03, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos desde fevereiro.

Alvo de uma investigação da Polícia Federal, Eduardo está proibido de falar com o pai, por também ser investigado. O parlamentar tem afirmado que não pretende voltar ao Brasil por receio de ter seu passaporte apreendido.

Ao todo, 32 pessoas pediram para visitar Bolsonaro na prisão domiciliar. Nem todos, contudo, foram liberados. Entre os que aguardam o aval do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que precisa dar a autorização para os visitantes, está o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

Até a tarde desta segunda, oito haviam sido aceitos e apenas um foi negado, o feito pelo deputado Gustavo Gayer (GO), que segundo o ministro é investigado pela Corte em um processo sigiloso, que tem conexão com investigações envolvendo o ex-presidente.

No entanto, Bolsonaro ainda não foi autorizado a receber visitas de figuras centrais do PL, como o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, e o secretário-geral da legenda, Rogério Marinho (RN) — o que deve acontecer nesta semana, caso Moraes conceda autorização para que os dirigentes partidários estejam com ele.

Outros nomes que participam das articulações do bolsonarismo também seguem sem visitá-lo, como os vice-presidentes da Câmara e do Senado, Altineu Côrtes (RJ) e Eduardo Gomes (TO), e os líderes do PL nas duas Casas, Sóstenes Cavalcante (RJ) e Carlos Portinho (RJ).

Todos já fizeram requerimentos para serem recebidos por Bolsonaro. Como O GLOBO mostrou, a casa no Jardim Botânico, bairro nobre de Brasília, deve se tornar uma espécie de novo "QG do PL".

Nesta segunda, Bolsonaro recebeu o primeiro correligionário autorizado por Moraes, o deputado Junio Amaral (PL-MG), que pôde visitá-lo entre 10h e 18h. Outros nomes ingressaram com novos pedidos para visitas nesta segunda, como o deputado estadual Bruno Engler (PL-MG) e o vice-presidente do PL em Goiás, Fred Rodrigues. Já a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, o visitará na próxima sexta-feira.

— Bolsonaro segue forte, resiliente. Não vi qualquer sinal de mal físico enquanto estive com ele. Nem soluço, nem enjoo. O presenteei com um doce de leite de Minas e falamos a maior parte do tempo sobre outros assuntos, que não eram sobre política — afirmou Amaral.

Outros nomes ingressaram com pedidos para visitas, como o deputado estadual Bruno Engler (PL-MG) e o vice-presidente do PL em Goiás, Fred Rodrigues.

Além de familiares e alguns nomes da classe política, Moraes autorizou a visita de quatro médicos, cinco seguranças e advogados que acompanham o ex-presidente.

Articulações seguem em curso
Na avaliação de membros do PL, embora a prisão domiciliar cause desgastes a Bolsonaro e problemas à estratégia eleitoral do partido - o que inclui a participação do ex-presidente em agendas pelo Brasil, por exemplo - a articulação interna do partido deve ser menos abalada pela medida do que o que foi visto no período em que Bolsonaro e Valdemar ficaram impedidos de manter contato por imposição de Moraes.

Neste período, as decisões da cúpula do PL precisaram passar por interlocutores, o que gerou uma série de contratempos nas eleições regionais do ano passado.Reuniões devem ser realizadas no local enquanto a ordem de Moraes durar e é de lá que devem sair as principais ordens do partido. No local, também mora a presidente do PL Mulher, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A ideia é que a casa em Brasília replique o que foi visto na campanha presidencial de 2018, quando Bolsonaro foi alvo de um atentado a facada e fez da sua residência, no Rio de Janeiro, um local de encontros políticos, de onde saíram algumas das principais decisões políticas daquela corrida eleitoral

— Queremos, sim, ter contato com Bolsonaro, ouvi-lo, ouvir as suas diretrizes. Outros senadores e deputados devem entrar com pedidos semelhantes, já que não têm qualquer restrição de contato — afirmou o senador Carlos Portinho.

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