Zema defende Bolsonaro após violação de tornozeleira: "Situação extrema pelo que está vivendo
Governador de Minas Gerais participa de um jantar que reúne lideranças políticas em São Paulo nesta segunda-feira (24)
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), não abriu mão da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após o político admitir a tentativa de violação da tornozeleira eletrônica com um ferro de solda.
Segundo ele, Bolsonaro agiu em uma “situação extrema” e o fato “não muda nada” declarações anteriores do governador de que existiria perseguição política no caso.
— Hoje, quando um detento está usando tornozeleira eletrônica e rompe, ele precisa de um mandado de prisão que muitas vezes leva meses para ser expedido. E me parece que nesse caso foi muito mais rápido. Então, mais um sinal de que há uma perseguição política — declarou ele, na chegada de um evento do Grupo Voto, em São Paulo.
Zema prestou solidariedade a Bolsonaro logo nas primeiras horas após a notícia da prisão, mas não havia comentado ainda sobre o vídeo da audiência de custódia em que o ex-presidente admite ter queimado o equipamento na madrugada antes de ser detido. Indagado sobre o motivo da conduta, alegou que seria uma “situação extrema” aos processos a que está submetido na Justiça.
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— Vejo aquilo como meio que uma situação extrema ali pelo que ele está vivendo. Mas que, hora alguma, e nós temos que deixar claro isso, ele tentou fugir. Até me parece um excesso. Você está em prisão domiciliar com pessoas vigiando a sua casa e ainda tem de colocar uma tornozeleira eletrônica.
O governador mineiro repetiu nesta segunda o diagnóstico de que a eleição de 2026 deve ter vários governadores de direita disputando a presidência e disse ser favorável à aprovação de uma anistia aos condenados por golpe de Estado no Congresso.
Dezenas de lideranças políticas participam de um jantar de fim de ano promovido pelo Grupo Voto, que aproxima empresários de representantes do setor público, na noite desta segunda-feira (24), em São Paulo.
O evento ocorre no Palácio Tangará, hotel de alto padrão da capital paulista. Entre os convidados estão o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e os governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul, e Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro.
Prisão de Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso preventivamente no sábado, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No pedido encaminhado à Justiça, a Polícia Federal (PF) afirmou existir risco de fuga diante de uma “vigília” convocada por um dos seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que poderia causar tumulto no entorno da residência do político, hipótese corroborada pela tentativa de violação da tornozeleira eletrônica durante a madrugada.
Bolsonaro usou um ferro de solda para tentar remover a tampa do equipamento, segundo admitido por ele mesmo durante a audiência de custódia. A PF divulgou imagens do objeto danificado. O ex-presidente alegou primeiro que teria feito isso por “curiosidade” e depois confusão por conta do uso de medicamentos. Ele disse ter tido uma “certa paranoia” e a “alucinação” de que poderia haver uma escuta ilegal na tornozeleira.
A 1ª Turma do STF referendou por unanimidade a decisão de Moraes nesta segunda. O relator afirmou no voto que "não há dúvidas sobre a necessidade da conversão da prisão domiciliar em prisão preventiva, em virtude da necessidade da garantia da ordem pública, para assegurar a aplicação da lei penal e do desrespeito às medidas cautelares anteriormente aplicadas". Foi acompanhado por Cármen Lúcia, Flávio Dino e Cristiano Zanin — Luiz Fux, que votou por absolver Bolsonaro na trama golpista, pediu para deixar o colegiado em outubro.

