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Câncer em jovens cresce quase 300% e acende alerta para prevenção genética no SUS

Aumento significativo entre adultos de 18 a 50 anos reforça urgência em estratégias de rastreamento e uso da genética de precisão

Foto: Canva

Um levantamento recente do DataSUS revelou um dado alarmante: o número de diagnósticos de câncer entre adultos de 18 a 50 anos na rede pública quase quadruplicou nos últimos 11 anos. Em 2013, foram cerca de 45 mil casos registrados. Em 2024, esse número ultrapassou os 174 mil, um aumento de quase 300%. O dado acende um alerta importante sobre a mudança no perfil dos pacientes oncológicos no Brasil e a necessidade de repensar as estratégias de prevenção, rastreamento precoce e tratamento na saúde pública.

Nesta quarta-feira (22), no quadro Canal Saúde do programa Conexão Notícias, na Rádio Folha FM 96,7, o âncora Jota Batista conversou com o imunologista e especialista em genética de precisão, João Bosco, sobre como a tecnologia pode ser uma aliada decisiva para enfrentar essa nova realidade no SUS. A entrevista completa está disponível nas plataformas de áudio e no canal da Folha de Pernambuco.

Assista à entrevista completa abaixo:

 

 

 

Segundo o especialista, a genética de precisão oferece hoje ferramentas que podem identificar indivíduos com maior risco de desenvolver determinados tipos de câncer, o que permite uma atuação mais eficaz, personalizada e econômica.

"A gente já tem a ciência, a gente já tem estudos inclusive de efetividade econômica, a gente agora precisa tomar uma decisão que é uma decisão política, né, de alocação de recursos para testar essas novas ferramentas na prática do dia a dia dentro do SUS", destacou o imunologista.

João Bosco, imunologista e especialista em genética de precisão

O uso da genética aplicada à prevenção já é realidade em alguns protocolos internacionais, especialmente no rastreamento do câncer de mama. João Bosco afirma que o investimento inicial pode ser compensado pela economia gerada a longo prazo, evitando tratamentos mais complexos em casos avançados.

"E para câncer de mama já mostraram que é mais barato gastar um pouquinho agora fazendo a genética e escolhendo, vendo quem tem um risco alto, do que colocar todo mundo numa vala comum de análise preventiva, só que aí é o custo de ter essas pessoas que têm mais tendência a ter o câncer, ou mais grave ou mais cedo", pontuou.

O aumento expressivo de casos entre os mais jovens também levanta discussões sobre os fatores ambientais e de estilo de vida que podem estar influenciando esse cenário.

" A gente sempre associou ter câncer com idade mais tardia, e agora a gente viu que aumentou bastante, talvez um reflexo, do nosso estilo de vida, com comidas ultra processadas, com diminuição da atividade física", analisou o imunologista.

Para o especialista, incorporar a análise genética a exames de rotina pode transformar a forma como o Brasil lida com a prevenção do câncer nos próximos anos.

"Acho que a gente vai fazer um checkup, quando for fazer um checkup normal, hemograma, colesterol, triglicérides, faz a genética. As duas coisas juntas é que vão guiar como a gente vai ser seguido, né, do ponto de vista preventivo de manutenção de saúde nos próximos anos", concluiu.

A crescente incidência de câncer em adultos jovens exige atenção e respostas urgentes do sistema público de saúde. Investir em tecnologia, ciência e políticas de prevenção é mais do que uma escolha: é uma necessidade para garantir vidas salvas e tratamentos mais humanizados.

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