Festas de fim de ano elevam estresse, desequilíbrio emocional e insônia sazonal
Psiquiatra aponta fatores que agravam o cansaço mental em dezembro e orienta como lidar com o período
Com a chegada de dezembro, aumenta o número de pessoas que relatam cansaço extremo, irritabilidade, ansiedade e dificuldade para dormir.
Pesquisas internacionais mostram que essa época do ano concentra até 35% mais relatos de sintomas ansiosos, maior incidência de insônia sazonal e estresse emocional
As luzes intensas das decorações, as confraternizações, o consumo de álcool, os jantares até tarde e o uso prolongado de telas interferem diretamente na qualidade do sono, afetando memória, humor e disposição.
Nesta sexta-feira (12), Jota Batista, âncora da Rádio Folha 96,7 FM, conversou, no Canal Saúde, com o psiquiatra e professor da Afya Jaboatão, Dennys Lapenda. Ele falou sobre o estresse emocional.
Acompanhe a antrevista através dos players abaixo
O psiquiatra Dennys Lapenda iniciou a conversa explicando que o aumento do estresse emocional no fim do ano é um fenômeno comum
“Alguns trabalhos científicos até comprovam, né, que 75% da população tem esse aumento aí dos níveis de ansiedade nesse finalzinho de ano. Até se brinca um pouquinho, que se chama dezembrite, que isso acaba complicando muito a questão mental das pessoas, com aumento de ansiedade.”
Psiquiatra Dennys Lapenda/Foto:Divulgação
O especialista também alertou para o impacto das expectativas irreais que muitas pessoas criam ao tentar “resolver a vida” nos últimos dias do ano
“A gente tem que criar expectativas dentro de uma realidade, concreta que a gente possa realizar, porque senão vai gerar frustração. E frustração abre espaço aí para outros sentimentos, que pode gerar alguns quadros, por exemplo, depressão, de ansiedade, quadros de insônia, uso abusivo de substâncias.”
Dr. Dennys Lapenda destacou o papel da chamada “positividade tóxica”, que intensifica a comparação e o sentimento de inadequação
“A gente vê muito na rede social e principalmente agora, final de ano, o que a gente chama de positividade tóxica, que é aquilo: tudo é bom, tudo é perfeito. Aí você começa a ter uma autorreflexão, dizer: ‘Poxa, o que é que eu fiz esse ano? Essa pessoa que eu conheço não fez nada que eu fiz e tá aí, super bem’.”
Por fim, o psiquiatra reforçou que é comum que as pessoas tentem recorrer a medicações para lidar com a insônia desse período,
“Muitas vezes as pessoas fazem a automedicação, isso a gente tem que ter cuidado. O ideal é que a gente tenha uma qualidade de sono com medidas comportamentais, não farmacológicas, que é o que a gente prioriza mesmo. Inclusive o tratamento padrão ouro para quadro de insônia não é farmacológico.”

