Dr. Edson Moura lança livro em que narra a história de Quixaba, da fundação à emancipação
Médico, escritor e ex-deputado estadual foi o principal articulador pela emancipação da cidade
O médico e escritor José Edson de Moura, uma das personalidades mais conhecidas do Sertão do Pajeú por sua atuação na política e na Medicina em toda a região ao longo das últimas quatro décadas, está lançando seu oitavo livro, “Quixaba – Terra de Solidônio Pereira de Carvalho”. A noite de autógrafos será no próximo sábado (19), na Escola Solidônio Pereira de Carvalho, em Quixaba, no Sertão pernambucano, às 19h.
A obra narra a história do município de Quixaba, que foi emancipado em 1991, tendo o autor - na época, deputado estadual – como o principal articulador desse feito. Em 1989, Edson, compreendendo o desejo de mudança e o potencial da região, incluiu em sua campanha a promessa de trabalhar pela emancipação política e, dois anos depois, conseguiu.
Lideranças
Então distrito de Carnaíba, Quixaba era uma terra de trabalhadores humildes, como agricultores e artesãos, que sonhavam com a autonomia e uma identidade municipal própria. Foi nesse contexto que o campo político começou a se movimentar, com a crescente aspiração de independência.
“A ideia era dar ao distrito a capacidade de gerir seus próprios recursos, desenvolver a infraestrutura e potencializar as riquezas culturais e econômicas, tudo sob sua própria liderança local”, lembrou o autor que, além de deputado estadual (1989), foi prefeito de Tabira, também no Sertão, por dois mandatos (1983 e 1992).
O caminho até a emancipação foi difícil por conta da resistência de Carnaíba, que via no distrito uma fonte de recursos e não estava disposta a abrir mão de parte de seu território. Era necessário também conquistar o apoio de lideranças estaduais, demonstrando que Quixaba reunia as condições necessárias para se sustentar.
Entusiasmo
Com articulação política e envolvimento popular, a luta ganhou força. A cada reunião, as discussões em torno do futuro de Quixaba se tornavam mais entusiasmadas. Após meses de debates, plebiscitos e articulações políticas, a emancipado veio pela Lei nº 10.618, de 1º de outubro de 1991, sancionada pelo então governador do Estado Joaquim Francisco.
Quanto às pesquisas para o livro, Edson destaca a colaboração de Doroteia Brasil, neta do fundador de Quixaba, Solidônio Pereira de Carvalho. Doroteia, que mora no Rio de Janeiro, ficou feliz com a ideia e se disponibilizou a ajudar com informações relevantes sobre o avô.
Curiosidade
Uma das passagens mais curiosas de “Quixaba – Terra de Solidônio Pereira de Carvalho” se passa em 1927, auge do cangaço. O fazendeiro Marçal Salvador, o homem mais rico de Quixaba à época, recebeu um recado enviado por um senhor que queria pernoitar na fazenda dele com uma comitiva.
Salvador achou que a mensagem era do cangaceiro Virgulino Ferreira, o Lampião, respondeu dizendo que não atendia bandido e se preparou armado para receber a tropa.
“Não era Lampião, era a Coluna Prestes. O homem era Luiz Carlos Prestes, e isso criou um mal estar muito grande. Houve tiroteio, acabaram com a fazenda do homem, que teve que correr. No livro tem a foto do carro queimado do fazendeiro”, lembrou dr. Edson.
Progresso
Ao comparar a Quixaba de hoje com a de antes da emancipação, o autor, que mora em Afogados da Ingazeira, conta que esteve esta semana lá e apreciou o que viu. “Fiquei impressionado com o progresso. Está bem administrada, cresceu. Quando Quixaba foi emancipada, a igreja sequer tinha porta ou piso. A cidade era abandonada”, relembrou.
O desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) Alberto Nogueira Virgínio, sogro do filho de Edson, foi um dos maiores incentivadores para que o médico escrevesse o livro. “A obra condensa valioso estudo sobre Quixaba, desde quando ainda era um distrito de Carnaíba”, afirmou o desembargador. Virgínio também justificou a relevância do registro em livro.
“O que se acha grafado tem o poder de sobreviver aos que se vão, e renascer com os que veem os livros pela primeira vez, ou naqueles que lutam todos os dias para que outros dias nasçam com melhores caracteres. Quero destacar também, sem qualquer favor, que estamos diante de um dos nossos grandes talentos da literatura histórica em nossa região”, complementou.



