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"É precipitado falarmos sobre a eleição de 2024", diz João Paulo

Uma das justificativas do deputado é o fato de o PT fazer parte de uma federação com PV e PCdoB

Ricardo Fernandes/Folha de PernambucoRicardo Fernandes/Folha de Pernambuco

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O deputado estadual reeleito João Paulo (PT), em entrevista hoje (24) ao programa Folha Política, da Rádio Folha FM 96,7, apresentado por Neneo Carvalho, disse que os protestos antidemocráticos pós-eleições não vão se sustentar por muito tempo. Para ele, esse movimento é “fogo de monturo”, principalmente por conta do ministro Alexandre de Moraes, que, para ele, está conseguindo resgatar a democracia.
João Paulo também falou, entre outras coisas, sobre porque é cedo para falar das eleições municipais, dos desafios para se governar um estado como Pernambuco.
A entrevista foi concedida à subeditora de política Carol Brito e ao repórter de política Carlos André Carvalho, ambos da Folha de Pernambuco

Protestos pós-eleições
Temos um movimento forte, estruturado, com forte apoio empresarial, setores de extrema-direita do país e que, a meu ver, revela uma realidade que eu não via o Brasil do jeito que é: uma adesão tão grande a uma posição de extrema-direita. Mas na verdade, a mentira repetida muitas vezes, passa como verdade. (...) Esse movimento dos irresponsáveis extremistas de direita só teve repercussão aqui no Brasil. Internacionalmente, Lula já ganhou o mundo. Lula assumiu a presidência da República sem as irresponsabilidades, mesmo antes de Bolsonaro deixar o governo. (...) Eu acredito que esses movimentos não vão se sustentar por muito tempo. E como o ministro Alexandre de Moraes está tendo posições importantíssimas, do ponto de vista de resgatar a democracia, acredito que isso é fogo de monturo. A população brasileira não aguenta mais a fome, a crise, a miséria, a falta de perspectiva para a juventude, a precarização dos trabalhadores. 

Governo Bolsonaro
Os quatro anos de governo Bolsonaro foram uma farsa. Deram um golpe na presidente Dilma (Rousseff), destruíram a nossa nação em todas as áreas: educação, saúde, empregos, um projeto de soberania nacional, que é o mais grave. O Brasil tinha um projeto de soberania nacional, de desenvolvimento econômico para implantação de estaleiros para não depender de produção externa, gerando empregos, gerando profissionais, um projeto de integração econômica com o mundo, principalmente com a América Latina – com a transatlântica, que é uma rodovia que ligaria o Atlântico ao Pacífico, Transnordestina, transposição do Rio São Francisco, Hemobrás, para não depender de hemoderivados, implantação de escolas técnicas, universidades. Isso, sim, era um projeto de mundo, de nação. Foi destruído.

Vitória política
Numa eleição, podemos ter uma vitória política, uma vitória eleitoral. Podemos ter uma derrota eleitoral com uma vitória política. Podemos ter uma expressiva vitória eleitoral, mas ser pequena a vitória política. Mas eu acho que essa diferença de dois milhões de votos foi a melhor vitória que um presidente ou candidato já teve politicamente na história do Brasil. 

Bolsonaro
Eu fui deputado federal com ele. É um incompetente, desqualificado, despolitizado, sem nenhuma noção de cidadania, um homofóbico.

Marília e Raquel
Marília passou para o segundo turno, mas o que a gente esperava da relação com a votação com Raquel, ela teve uma vitória eleitoral, mas em tese foi uma derrota política, porque a votação estava sendo esperada e o próprio resultado da eleição foi uma diferença muito grande, principalmente no Recife.

Reeleição 
Eu estou muito animado com esse resultado. Vou fazer o possível, até porque eu tive uma boa votação, mesmo com 14 anos que saí da Prefeitura do Recife. Ficou muito claro que na minha gestão a característica foi “a grande obra é cuidar das pessoas”. Estamos vendo um processo de empobrecimento muito grande da cidade, centenas de pessoas morando na rua, vivemos a tragédia de 50 mortes nos morros da cidade do Recife. Choveu muito em toda a cidade, mas onde é que morreu gente? Nas áreas de periferia dos morros, a grande maioria pobres, pretos. Pela estrutura que eu tinha para fazer campanha, se houvesse uma lembrança da minha gestão de prefeito, eu poderia ter uma boa votação. Se não, não me reelejo, mas acho o povo me deu essa credibilidade, porque também meu mandato é muito atuante.

Governo de Pernambuco 
Os desafios de governar Pernambuco não são fáceis. Criticar é a coisa mais fácil do mundo. Eu disse isso na reunião que eu tive com a governadora (eleita, Raquel Lyra) e a vice-governadora (eleita, Priscila Krause). Eu disse: “Quando eu era prefeito, vossa excelência jogou muita pedra no meu telhado. Agora, vossa excelência vai para a vitrine. É a roda girando” (em tom de brincadeira). Eu disse a ela que quando eu assumi o Recife, tínhamos um milhão e meio de habitantes, mas um milhão e cinquenta mil vivendo na pobreza ou abaixo da linha da pobreza. O estado de Pernambuco é pobre. A diferença entre os mais ricos e os mais pobres é um dos maiores patamares do Brasil, se não for o maior. Não vá pensar que o desafio será fácil, porque para governar a primeira coisa que tem que ter é um amor incondicional ao povo e seu sofrimento. Tem que ter uma equipe altamente competente, ter uma unidade de governo para enfrentar os grandes desafios e ter prioridades.


Eleições 2024
É precipitado falarmos sobre a eleição de 2024. Primeiro, porque nós hoje fazemos parte de uma federação, onde está o PT, o PV e o PCdoB.  Não sabemos ainda qual vai ser o desdobramento, como vai estar o governo do Estado, como vai estar o Governo Federal. Eu não assumi nem meu mandato ainda de deputado estadual. Somos aliados do PSB, estivemos juntos na eleição estadual, com dificuldades por conta de processos de acirramentos, principalmente na eleição municipal, quando Marília candidata. 
 

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