Gestão de Fernando de Noronha acirra embate entre Assembleia e governo
Comissão de Justiça da Alepe ainda não colocou em pauta indicação de administrador
“O foco do governo é trabalhar pela população, e trabalhar pela população de Fernando de Noronha não é diferente.” Com essa frase, a governadora de Pernambuco em exercício, Priscila Krause (PSD), justificou a decisão de nomear como adjunto o advogado Virgílio Oliveira, antes indicado como titular, em projeto enviado à Assembleia Legislativa no dia 28 de março.
Mas a Comissão de Justiça da Casa ainda não colocou a matéria em pauta. O administrador da ilha precisa ser sabatinado e aprovado pelo Legislativo para poder assumir o cargo. “A gente deve estar preparado para dar respostas às questões de que a ilha precisa. Então, vejo com muita naturalidade, com muita tranquilidade, a movimentação que fizemos para que Virgílio possa atuar na ilha, enquanto espera a sabatina da Assembleia”, discorreu. Virgílio Oliveira, que assumiria o cargo ontem, não conseguiu desembarcar em Noronha devido às fortes chuvas.
Para o presidente da comissão, deputado Alberto Feitosa (PL), a decisão do Executivo, publicada no Diário Oficial de sexta-feira, não muda em nada os trabalhos. “A governadora tem o controle de nomear quem ela quiser. Mas nós só vamos pautar, quando houver clima e disponibilidade dos colegas”, reforçou Feitosa. Não colocar os projetos em discussão é uma estratégia dos deputados para pressionar o Executivo a pagar as emendas pendentes de 2024.
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Sabatina
“Eu continuo acreditando que a Assembleia vai pautar a sabatina, porque continuo acreditando que o objetivo de todos, inclusive da Assembleia, é de trabalhar pelo povo de Pernambuco", sustentou Priscila Krause.
Aos olhos do deputado Waldemar Borges (PSB), a estratégia do Executivo é a decretação da falência da política. “Na composição da primeira mesa diretora e das comissões da Assembleia, o governo se negou a discutir a proporcionalidade. Na formação da segunda, a oposição estava calejada e o tiro saiu pela culatra.” O governo perdeu a presidência das principais comissões. “Agora, para resolver a situação em Noronha, inova ao fazer uma gambiarra. Criou o adjunto sem titular, o adjunto de ninguém”, causticou.
Em seu sétimo mandato na Assembleia, Antônio Moraes (PP), diz nunca ter vivenciado situação semelhante. “O que a gente esperava é que Álvaro (Porto, presidente da Assembleia) mediasse essas questões entre oposição e governo. Mas ele aparece como líder da oposição. Isso é muito ruim, porque não se tem mais a quem recorrer, não tem uma pessoa para moderar a discussão na Casa”, bradou.
“A verdade é que muita gente queria estar na cadeira de presidente. Mas eu fui o eleito e reeleito. Tenho o costume de ouvir os deputados. E garanto cada vez mais a autonomia da Casa”, retrucou Porto, alfinetando Moraes, que no início da legislatura colocou o nome à disposição para presidir a Casa.



