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João Campos critica falta de diálogo e da garantia de água na torneira com concessão da Compesa

Prefeito afirma que municípios deveriam ser mais ouvidos e abastecimento precisa ficar assegurado

Prefeito do Recife, João Campos (PSB), participa de evento sobre infraestrutura, organizado pela Esfera Brasil, no Centro da capitalPrefeito do Recife, João Campos (PSB), participa de evento sobre infraestrutura, organizado pela Esfera Brasil, no Centro da capital - Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Os municípios precisam ser mais ouvidos sobre o processo de concessão da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), e a população deve ter a garantia de que os investimentos do estado resultarão em água na torneira. Estes são os principais pontos criticados pelo prefeito do Recife, João Campos (PSB), na proposta que o governo de Pernambuco tem construído com base em estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

"Eu percebo que houve um desejo de velocidade e de pouca escuta. Um contrato desse tamanho, de bilhões de outorga e bilhões de operação, de um contrato em muitos anos, é algo que precisa ser muito mais escutado e participado para fazer com que ele saia bem feito. Porque isso não é tarefa de governo, é tarefa de Estado", argumentou o prefeito neste sábado, após evento da organização Esfera Brasil que discutiu, entre outros temas, a infraestrura do país, de estados e municípios.

O contrato proposto pelo governo de Pernambuco envolve um montante de R$ 35 bilhões: R$ 19 bilhões do setor privado e R$ 16 bilhões do Executivo estadual. A proposta é de concessão parcial. A empresa vencedora da licitação ficará responsável pela distribuição da água e pelo esgotamento sanitário. À Compesa caberão a produção ou captação e o tratamento da água. A concessão tem prazo de 35 anos.

"É, disparadamente, o maior contrato, não tem nada desse tamanho no estado de Pernambuco, nem por tanto tempo. E quem são os grandes clientes? São as cidades. As cidades precisariam ser mais ouvidas nesse processo, porque, na prática, é onde o serviço acontece, e quem contratualiza são os municípios", argumenta João Campos, reconhecendo que a concessão é o caminho escolhido pela maioria dos governantes.

Intermitência
Virtual candidato ao governo de Pernambuco no próximo ano, o prefeito enfatiza haver pontos mal formulados no projeto de concessão, como o tempo de fornecimento e de interrupção do abastecimento d'água. "Não tem um fator específico que garante a meta da intermitência de abastecimento nas cidades. Ela é feita por ocorrência e não por dia. Isso faz toda a diferença", reforça.

Quem anda pelas ruas - registra João Campos - sabe que a falta d'água é uma das principais reclamações. "Para mim, o que tem de mais importante é se vai ter água ou não vai ter água, qual é a remuneração vinculada a isso, qual é a pena vinculada a isso. Porque isso é atender o interesse das pessoas", observou.

Correção
O gestor observou ainda que as pessoas não estão interessadas em saber qual é a empresa que produz ou capta a água, que suspende ou faz manutenção, "Elas querem saber se tem ou não tem água", declarou. Ao apontar as críticas, o prefeito assegurou não ter nenhum intieresse de inviabilizar o processo. Mas considera que os pontos levantados são importantes e espera que possam ser corrigidos. 

"Afinal de contas, o interesse é que haja saneamento adequado para o estado inteiro. Existem desafios históricos, muito já foi feito, mas ainda tem muita coisa a se fazer. Agora, depois que você faz uma concessão e assina o contrato, aquilo está feito por 30 anos", alertou.

Marco do Saneamento
O Marco Legal do Saneamento, estabelecido pela Lei nº 14.026/2020, aprovada em julho de 2020, visa universalizar o acesso aos serviços de saneamento básico no Brasil até 2033. A meta é garantir 99% de abastecimento de água potável e 90% para coleta e tratamento de esgoto. is serenidade, mais diálogo e papel de escuta dos municípios.

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