Pedro Campos critica atuação truculenta no Congresso e cobra resposta de Hugo Motta
Deputado fez pronunciamento após ocorrido nesta terça-feira (9) na Câmara dos Deputados
O deputado Pedro Campos (PSB-PE) criticou duramente a atuação da Polícia Legislativa durante a desocupação da Mesa Diretora da Câmara nesta terça-feira, classificando a ação como “violenta” e “vergonhosa”, e cobrou esclarecimentos do presidente em exercício, Hugo Motta, especialmente sobre a remoção do deputado Glauber Braga (Psol-RJ) e a restrição ao trabalho da imprensa.
Em discurso no plenário, Pedro Campos afirmou que a Câmara viveu um episódio de “falência da política”, ao relatar que a Polícia Legislativa retirou parlamentares à força sem que houvesse, segundo ele, um ato formal da Presidência que determinasse prazo ou critérios para a desocupação, como ocorreu em situações anteriores.
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Confira discurso na íntegra:
“Presidente, caros colegas,
Eu tenho muita preocupação com o que aconteceu nesta Casa hoje. A violência é a falência da política. Aqui todos nós, deputados, membros da Mesa, servidores, fazemos política. Seguimos regras, acompanhamos um regimento para impedir que decisões importantes para o país sejam tomadas na força do braço, na força da violência.
E o que aconteceu aqui no dia de hoje nos preocupa muito. A ocupação da Mesa não é regimental, nem para os golpistas que ocuparam a Mesa pedindo anistia de Bolsonaro, nem para quem quer que seja.
Mas eu lembro bem, presidente, como aconteceu a última desocupação da Mesa. Tivemos uma reunião do Colégio de Líderes, foi feito um ato formal da Presidência dando um prazo para aqueles que faziam a ocupação desocuparem. Em alguns momentos, até foi impedida a entrada da imprensa e desligadas as câmeras, mas, com muita sabedoria, na hora da retomada da Mesa, o povo brasileiro viu o absurdo que acontecia ali e viu como esta Casa saiu mais forte quando o senhor, Hugo Motta, sentou-se à Mesa.
Infelizmente, a vergonha que esta Casa passou hoje só está filmada em registro de celular. A violência que esta Casa viu hoje, não sabemos nem se foi ordem direta da presidência ou se foi algo que surgiu de outra entidade, porque não tem registro formal. Não foi dado um prazo para desocupação, como foi dado da última vez.
E acredito que o esclarecimento desses pontos é fundamental para a continuidade dos trabalhos desta Casa. Eu respeito muito todos os servidores, respeito o trabalho da Polícia Legislativa, que às vezes fica até como babá de menino pequeno, tendo que separar briga. Mas nós precisamos entender qual foi o fundamento que foi utilizado pela Polícia Legislativa para arrancar o deputado Glauber da cadeira, se houve uma ordem formal do presidente, se foi dado um prazo para a desocupação e por que, neste caso, não foi permitido que a imprensa brasileira cobrisse tudo e que o povo brasileiro pudesse assistir, como assistiu da última vez pela TV Câmara.
Acredito que continuar os trabalhos fingindo que nada aconteceu, fingindo que não existe um desequilíbrio absurdo no que aconteceu hoje, não é bom para esta Casa, não é bom para o povo brasileiro, não é bom para a nossa democracia.
Por isso eu venho aqui, muito humildemente, presidente, pedir esses esclarecimentos e dizer que participei da desocupação da última vez e, desta vez, eu só tive vergonha de assistir pelos vídeos feitos nos celulares de alguns parlamentares aqui.”
*Com informações da assessoria



