"Se for para pagar o preço político por defender Pernambuco, eu pago", diz Danilo Cabral
Ex-superintendente visita Folha, aponta "missão cumprida" e reforça apoio a João Campos para 2026
Após o anúncio de sua saída da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Danilo Cabral visitou, na tarde desta quarta-feira (6), a sede da Folha de Pernambuco. Ele foi recebido pelo presidente do Grupo EQM e fundador do jornal, Eduardo de Queiroz Monteiro; pela vice-presidente do jornal, Mariana Costa; pelo diretor-executivo, Paulo Pugliesi; pelo diretor operacional, José Américo Lopes; pela editora-chefe, Leusa Santos; e pela colunista de política, Betânia Santana.
A visita institucional ocorreu após Danilo conceder entrevista à Rádio Folha FM 96,7, na qual comentou os bastidores de sua exoneração, a repercussão política do episódio e seus próximos passos. O ex-superintendente destacou que sai com sentimento de missão cumprida, após dois anos e dois meses à frente da autarquia.
"A Sudene estava esquecida e, nesses dois anos, conseguimos reposicionar o órgão. Hoje, ela voltou a ser vista como instrumento estratégico para o desenvolvimento regional", afirmou.
Exoneração
A saída de Danilo Cabral ocorreu em meio a pressões de lideranças do Ceará, especialmente ligadas ao traçado da ferrovia Transnordestina, em disputa entre os trechos que ligam o sertão ao Porto de Pecém (CE) ou ao Porto de Suape (PE).
Ele vinha defendendo publicamente a chegada dos trilhos até Suape, o que teria gerado incômodo.
"Se for para pagar o preço político por defender Pernambuco, eu pago. Fui para a Sudene para representar o Nordeste, e não interesses privados ou de outro estado", declarou.
Durante a entrevista, Danilo também comentou a nota divulgada pela concessionária TLSA, responsável pela obra da ferrovia, que respondeu a uma reportagem da Revista Algo Mais mesmo sem ter sido provocada.
Segundo o ex-superintendente, não houve atraso por parte da Sudene na liberação de recursos para o Ceará.
"Não faltou repasse. Fizemos nosso trabalho com responsabilidade técnica. Essa narrativa não se sustenta", rebateu.
Ele relatou, ainda, que a exoneração não foi detalhada pelo governo federal. "O ministro me ligou e comunicou que a Casa Civil havia tomado a decisão. Não houve um diálogo aprofundado sobre os motivos. Mas mantenho minha lealdade ao projeto político do presidente Lula, que tem meu apoio", disse.
Posicionamento
Ao longo da entrevista, Danilo agradeceu a "ampla rede de apoio" que recebeu após os rumores de sua saída, com manifestações de solidariedade de universidades, movimentos sociais, federações empresariais e lideranças políticas de todo o Nordeste.
"Pernambuco se uniu como há muito tempo não se via. Isso é maior do que qualquer cargo", afirmou.
Com fala firme, Danilo também comentou a ausência de posicionamento público da governadora Raquel Lyra (PSD) diante de sua exoneração. Sem citar diretamente a chefe do Executivo estadual, ele indicou que, diante de um movimento de defesa tão amplo, caberia ao Governo do Estado se posicionar.
"Não se trata de defender uma pessoa, mas de defender os interesses de Pernambuco. Quando todo o setor produtivo, universidades, assembleia, bancada federal e movimentos sociais se manifestam, é natural que se espere uma postura institucional de quem governa o estado", pontuou.
Futuro
Sobre o futuro político, Danilo evitou anunciar planos eleitorais, mas afirmou que seguirá participando da construção do projeto do PSB em Pernambuco. Ele defendeu a reeleição do senador Humberto Costa (PT) e declarou apoio à possível candidatura do prefeito do Recife, João Campos (PSB), ao Governo do Estado.
"João representa uma liderança jovem, comprometida com o desenvolvimento de Pernambuco. Eu estarei onde for necessário para ajudar esse projeto", afirmou.
Por fim, Danilo garantiu que continuará acompanhando e defendendo a conclusão da Transnordestina com protagonismo para Pernambuco.
"Não é porque deixei o cargo que deixarei essa pauta. A ferrovia precisa chegar a Suape. Sem isso, o estado pode perder competitividade e protagonismo logístico. Pernambuco não pode ficar a ver navios passando", concluiu.
Confira a entrevista completa:



